NG200403013
expansão da língua portuguesa no Oriente (e noutras partes do mundo) levou à criação de crioulos portugueses locais, como adaptações diferentes da língua portuguesa de Portugal 20 . Estes crioulos diferem uns dos outros, «consoante o grau de influência das línguas formativas e do português padrão» 21 . Este crioulo permaneceu como língua franca e da diplomacia até ao fim do séc. XIX, ou seja, ainda durante o império Inglês. A palavra « português » não tinha um sentido apenas genético, mas também cultural. A expressão para se referir aos «portugueses» tem todo o interesse acerca da coabitação com outras raças, mas também certamente com A LÍNGUA PORTUGUESA NO ORIENTE 651 Portuguesa , X (Lisboa 1959) 118-191 e 210-218 e Margarida C ORREIA L ACERDA , Os Estudos linguísticos Indo-Portugueses de Mons. Dalgado , em II Seminário Internacional de História Indo-Portuguesa (Lisboa 1985) 147-154; na p.152 há uma lista dos crioulos asiáticos por ele estudados. Ver ainda Aristide M ARRE , em Notice sur la langue portugaise dans l’Inde française et en Malaisie , em Annales de l’Extrême- Orient , 1881, afirma: «Le portugais est parlé par une partie de la population de l’Inde française» e descobre no francês local muitos vocábulos portugueses: « argamasse, aldée, loge, paillasse, varanda, poial »; J. C. T H . H EYLIGERS , Traces de portugais dans les principales langues des Indes Néerlandaises (La Haye 1889); nas p. 55-59, apresenta-nos uma enorme lista de « Mots de langues polynésiennes tirés du portugais ». Mais bibliografia sobre este assunto em D AVID L OPES , O.c ., 77-103. Sobre Mons. Dalgado, ver Revista da Fac. De Letras de Lisboa, t. I, p.11-28. Por seu lado, o lusófilo Georges L E G ENTIL escreve na sua Littérature Portugaise (Paris 1935) 56: «Leur vocabulaire a fourni un grand nombre de termes —Mons Dalgado en a dressé le compte exact— aux langues de familles aryenne, dravidique, indo-chinoise, malaio-polynésique. De cette action qui s’est prolongée beaucoup plus longtemps que leur hégémonie, il reste des traces dans l’arabe, le japonais, l’indo-anglais, l’indo- français, l’indo-chinois. C’est aux portugais, d’autre part, que nous devons les premières grammaires, les premiers dictionnaires des langues indigènes (tamoul, concani, bengali, cinghalais, annamite, etc.). On les verra même au Brésil, transformer la língua geral (le tupi-guarani) en instrument de propagande. Ils ont rassemblé, en outre, une immense documentation sur les itinéraires, les climats et les mœurs qui (…) va se répandre en Europe». 20 Assim se exprime Serafim da Silva Neto: «Nas feitorias, o contacto é ainda espaçado e vacilante: propicia a formação de uma língua franca intermediária. Nas fazendas, o contacto é íntimo e decisivo: proporciona a formação do crioulo como instrumento único de colonização. Nas colónias, a situação é bem mais complexa, pois se estabelece uma camada de elite branca» ( História …, O. c ., p. 430-431; ver p. 436). Ver Kenneth David J ACKSON , O Folclore do Crioulo Português da Índia e do Sri Lanka (Ceilão) em Congresso sobre a Situação Actual da Língua Portuguesa no Mundo , I, Lisboa 1985. 21 J ACKSON , O Folclore , O.c ., 340.
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