NG200403013
pelos missionários dinamarqueses e alemães desta missão protestante luterana. Muita desta literatura é completamente ignorada pelas bibliotecas portuguesas, mesmo pela Biblioteca Nacional de Lisboa. «Os missionários evangélicos [de Tranquebar (…)] começaram, pois, no dia 15 de Julho [de 1706] a estudar as línguas portuguesas da Europa e das Índias. Para conhecerem o português da Europa e se aperfeiçoarem nele, mandaram vir uma gramática de Batávia; mas o português das Índias, aprenderam-no nas relações e convívio com os indivíduos que o falavam (…). Por isso, os nossos missionários, no fim de alguns meses já sabiam falar as duas línguas portuguesas e puderam pregar nelas». «Nota: Como a língua portuguesa é há mais de dois séculos muito usada nas Índias, os missionários entenderam que deviam aprendê-la em primeiro lugar para poderem fazer-se compreender dos pagãos malabares que, na sua maioria, a entendem e falam, posto que de modo muito corrompido» 14 . Um outro documento de 1787 reza assim: «…Nos nossos estabele- cimentos [franceses], os negócios são geralmente tratados com os naturais e mesmo com as nações europeias por meio da gíria portuguesa, de que acabo de falar» 15 . Também é importante a obra tipográfica dos holandeses em Batávia . Aí se editaram várias obras polémicas e bíblicas de Almeida, além de algumas traduções, que David Lopes enumera, pelo que nos dispensamos de as repetir aqui 16 . Sobre obras portuguesas impressas na Índia, temos ainda outra opinião de Baldaeus: «I have seen divers books printed with the Portuguese A LÍNGUA PORTUGUESA NO ORIENTE 649 14 N IECAMP , Histoire de la Mission danoise dans les Indes Orientales (Genebra 1745) II, 3 (tradução do alemão; citação de D AVID L OPES , O.c ., 58; em A Bem da Língua Portuguesa , X, 190). A Gazeta de Lisboa deu conta da presença da língua portuguesa em Tranquebar e do «comércio, o qual fazem [os dinamarqueses] com aquelles povos da Costa de Coromandel, na lingoa Portugueza, para o que não somente os Dinamarquezes aprendem a falar, mas fazem imprimir nela livros, e ganham tanto a vontade dos Portugueses que têm actualmente 202 moradores nas terras da sua jurisdição» ( Gazeta de Lisboa , 1729, 25 de Agosto, p.318). 15 A NQUETIL DU P ERRON , Recherches historiques et Géographiques sur l’Inde, II, p.XII-XIII da Description historique et géographique de l’Inde (Berlim, 1787). Citação em D AVID L OPES , 60-61. 16 Ver D AVID L OPES , O.c, 105-145.
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