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Padre Tachard afirma, em 1686, que os jesuítas franceses falaram em português, «que era a língua mais corrente no país», com o Governador-Geral holandês de Batávia [actual Jakarta] e também no Sião 9 . Aqui, o discurso do embaixador da França ao rei do Sião é traduzido para português. Poder-se-ia dizer que, nessa altura, o português era a língua internacional do Oriente, como o testemunha também Alexandre Hamilton ( A new account of the East Índies , Londres, 1744), declarando que não pôde encontrar uma pessoa em 10.000 habitantes da Índia que fosse capaz de falar suficientemente inglês; e que, pelo contrário, os Portugueses deixaram ao longo das costas vestígios da sua língua, apesar de muito corrompida; ela era a língua que a maior parte dos europeus aprendiam para comunicarem uns com os outros, assim como com os habitantes locais. OBRAS IMPRESSAS EM PORTUGUÊS NO ORIENTE: TRANQUEBAR E BATÁVIA Um dos factos mais marcantes da presença da língua portuguesa no Oriente foi a tipografia. A impressão de obras, tanto para o ensino como para a Missão foi obra tanto de Católicos — sobretudo de Jesuítas— como de Protestantes 10 . Daí, «a long series of publications in Portuguese appeared either in Holland or in Batavia itself: translations of the Bible (by Joan Ferreira d’Almeyda ), of catechisms, regulations, sermons of one of the works by the great A LÍNGUA PORTUGUESA NO ORIENTE 647 9 Já durante a passagem da sua embaixada pelo Cabo, o P. Tachard afirma: «Le Père de Fontenay, à qui dans cette occasion je servais d’interprète en portugais, voyant de si heureuses dispositions [dos holandeses], dit à monsieur le Commissaire Général que nous étions six jésuites qui allons aux Indes et à la Chine». Respondeu o Comissário: «Vous nous ferez le plus grand plaisir du monde, mes Pères, nous dit- il en portugais, de venir vous delasser à terre; nous ferons tout ce que nous pourrons pour contribuer à vous remettre de vos fatigues» ( Voyage à Siam , p. 58-59; ver p. 74, em que um chefe local se dirige ao P. Fontenay em português). 10 Só de católicos, C. B OXER apresenta 38 obras impressas, na sua « A Tentative check-list of Indo-Portuguese Imprints », em Arquivos do Centro Cultural Português , vol. IX (Paris 1975) 567-599.

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