NG200403013
secundários deste processo. Daí, o nascimento de uma camada populacional de Batávia, que tinha um estatuto com uma certa autonomia, o seu bairro e a sua igreja; eram os chamados «portugueses pretos» 35 . Muitos deles eram simplesmente prisioneiros de guerra, vindos das colónias portuguesas conquistadas pelos holandeses em todo o Oriente, sobretudo de Malaca. Muitos destes «portugueses» serviam agora os novos senhores da guerra e seguiam até a sua religião, pelo que constituíam o grosso da paróquia portuguesa do português João Ferreira de Almeida e de outros pastores calvinistas que, mais tarde, ocuparam o seu lugar 36 . A língua portuguesa, ou, mais correctamente, um crioulo português era a língua desta camada da população e um elemento importante da sua identificação. Mas o português invadia outras classes das populações locais, mesmo as casas dos senhores holandeses, que 658 HERCULANO ALVES again to emancipated slaves whose blood did not contain any trace of Portuguese descent» (K EMPERS , Portuguese , O.c ., 234; quanto ao comportamento externo, ver ib ., 236-238). Sabe-se que os holandeses não favoreciam este sistema de mestiçagem e contrariavam-no, até ( ib ., 236). 35 «The Portuguese language was thus the medium of communication between the Europeans and the Natives, for few Europeans could speak Tamul, and many Natives, especially those who were born or brought up in the houses of Europeans spoke Portuguese from their childhood, and knew but little of their mother tongue. This class gave up the Indian and adopted the European style of dress. They were heathens, unless the Europeans, on whom they were dependent, care to have them baptized. Before the arrival of our Missionaries many hundred had joined the Roman Catholic communion, but many became members of the Portuguese congregation, which the Missionaries founded. Those who where not in the service of Europeans often enlisted as soldiers or sailors. Their colour varied according to their degree of distance from European blood. Those Natives who had adopted the European dress and Portuguese language many generations before they may have descended from an European were called black Portuguese» (F ENGER , O.c., 27-28). Ver K EMPERS , O.c., 238-239. 36 Estes «portugueses» eram os chamados « mardijkers », ou seja, escravos libertos (do termo malaio mardika / merdéka , livre). Outro termo usado era o de tupas, de origem indiano ( dubhhasya ; K EMPERS , 235). Os nomes mais frequentes desta população eram portugueses e a sua religião, a católica. Daí, a importância fundamental da religião no aportuguesamento das populações: o patrão ou padrinho católico dava o próprio nome ao que era seu trabalhador ou escravo, ao mesmo que este assumia a religião do seu protector. A prova disto encontra-se também no facto de alguns terem sido baptizados, mais tarde, sob a autoridade dos holandeses, recebendo nomes holandeses.
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