NG200403013
Um dos argumentos destes pastores «c’est que la communauté portugaise de Batavia ne se rattache pas à une communauté qui y aurait été fondée jadis par les portugais; en effet, il ne semble pas que les Portugais du temps de leur hégémonie dans l’Archipel, aient jamais eu un établissement permanente à Djakatra, devenu plus tard Batavia (…)…l’importance du portugais comme lingua franca dans la partie de l’Asie continentale où la Compagnie avait des établissements» 29 . Este incremento da língua portuguesa na Ásia, a que se referem os dois insuspeitos pastores calvinistas, deve-se ao fenómeno tipicamente português da mestiçagem. É que o português não tem tendências racistas, como acontecia com outros povos europeus 30 . A LÍNGUA PORTUGUESA NO ORIENTE 655 ports. On comprend très bien que les familles hollandaises qui venaient de ces pays à Batavia, et y amenaient leurs esclaves avec elles, eussent l’habitude d’y parler avec ces esclaves un portugais plus ou moins grammatical ou altéré » (ib., p. 161; sobre os costumes e pessoas que falavam esta língua em Batávia, ver p. 162-163). Actualmente —ou seja no princípio do século passado— o português ficou reduzido a um crioulo na aldeia de Tugu, de que se tem falado muito, mas que, talvez por isso, foram dispersos por outras cidades. Sobre esta comunidade, ver ib., p. 164-168, com bibliografia; K EMPERS , Portuguese , O.c., 241-242, com origem do nome Tugu . São os restos dos «portugueses» para quais pregava o português J. Ferreira de Almeida e para os quais traduziu a Bíblia: «Ces ‘portugais’, ces Chrétiens de la ville basse, sont les descendants directs de l’ancienne population du vieux Batavia» ( ib ., 168). Este facto é devido a que os holandeses não permitiam que esses escravos, ou ex-escravos, estrangeiros vivessem no espaço que ficava dentro das muralhas, que estava reservado aos holandeses e às classes altas. Os primeiros eram chamados «portugueses pretos»; tinham a sua «Gereja Sion» (corruptela de igreja); os «portugueses brancos» tinham a sua igreja dentro das muralhas. Sobre esta comunidade e sua igreja católica da Santa Cruz, assim como o seu dialecto, ver H EUKEN , Historical Sites , o.c., p. 127-138. 29 Ver Ib., 163. Depois deste primeiro esforço em reduzir a importância da língua portuguesa em Batávia, em 1712 (segundo van Troostenburg de Bruyn, p. 17), a comunidade ‘portuguesa’ tinha ainda umas 4.000 pessoas, aumentava umas 200 por ano e tinha três pregadores da língua portuguesa. Em 1770, ainda aí estavam as duas igrejas de língua portuguesa, descritas por Valentijn; mas a comunidade portuguesa tinha perdido importância (H UET , O.c., p. 163-164). Outros golpes holandeses foram desferidos em 1777, 1778, 1786 e 1788, segundo H AAN , O.c. , 42 e 57; ver H UET , O.c .,169. 30 Sobre o fenómeno do «mestiçamento», nos territórios por onde passaram os portugueses, ver A. A. M ENDES C ORRÊA , em Congresso do Mundo Português , XIV (Lisboa 1940) 123-125; sobre os efeitos da mestiçagem para a língua portuguesa, ver
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