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A LÍNGUA PORTUGUESA NO ORIENTE (SÉC. XVI-XVIII) Os descobrimentos portugueses despoletaram variadas formas de intercâmbio cultural entre o Ocidente e o Oriente, sendo a expansão da língua portuguesa um dos factos mais importantes a registar. Entre estes dois fenómenos há uma relação de causa-efeito. Pretendemos apresentar aqui alguns testemunhos desta expansão, nos séculos XVI-XVIII, na Ásia. A preocupação cultural nunca esteve ausente desta epopeia e constituiu mesmo um móbil essencial da mesma. Assim, já em 1504, eram enviados professores para o Congo, e em 1512 Afonso de Albuquerque fundava em Cochim a primeira escola portuguesa na Índia com 100 crianças munidas de cartilhas para aprender a ler e escrever. A expansão da língua portuguesa é certamente o resultado tanto da colonização, por parte dos diplomatas e exploradores, como da Missão, por parte das Igrejas. Porém, não podemos esquecer os comerciantes, que foram frequentemente um dos veículos mais eficazes da implantação da língua portuguesa no Oriente e até da Missão. E quase sempre chegaram primeiro que os políticos e que os missionários. Deste modo, o português tornara-se, não somente a língua do povo, mas também da diplomacia, da pregação do Evangelho e do comércio. Interessam-nos, como é natural, sobretudo testemunhos estrangeiros. A LÍNGUA PORTUGUESA LEGADO EUROPEU AO ORIENTE Se a recuperação das colónias portuguesas —perdidas depois que a Espanha governou Portugal, entre 1580-1640— parecia uma quimera, ficava a Portugal a secreta mas firme esperança da sobrevivência da religião católica e da língua portuguesa. Estas duas componentes da portugalidade , que andaram sempre de mãos dadas, constituíam um prolongamento efectivo de Portugal no tempo, para além da decrepitude do Império português, que se

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