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; - e@ omiffad de alguns Confeffores. feguro: David, &y viri ejus afcenderunt ad tutiora loca. 1. Reg. cap. 24. vy. 23. tem vifto David em Saul alguma coufa , que Ihe poffa occafionar medo? Na6, Ameaca Saul a David? Tam- bem nad. Teme, e poem-fe em falvo David‘ Sim, Quecaufatem para iflo? Ouia ei, qui _fe- mel decepit , non amplius fidit ; como diz0 douto Veiga in lib, Fudic. tom. 3 . 1460. ‘Tinha David experimentado a fraqueza das palavras de Saul; tinha conhecido a inconftancia de feus propofitos ; na6 fe fia das fuas palavras, porque as acha opoftas as fuas operagoens. Ifto mefmo experimenta o Confeffor com muitas almas ; promettem a emenda, na6 cumprem a palavra; propoem deixar o vicio, na6 fe aparta6 delle ; da6 palavra de melhorar a vida, e falta} na_ execugad do que promettem. Ifto fe verifica na6 {6 huma, mas muitas vezes : logo na6 fe de- ve fiar o Confeffor do penitente (tendo experiencia) nas fuas palavras. O’ G he fragil a huma- na condigaé, affim he; porém effa fragilidade, de algum modo fe hade curar: e fe na6 bafta a fuavidade, entre-o rigor, fe na6 aproveita o dar-lhe abfolvicad, feja remedio o negar-lha ; ap- plique-Ihe'o vinho mordaz, jé que naé Ihe dé faudeo oleo fuave : defterre a bebida amargoia- os humores viciados., que na6 péde expellir o xaroppe brando. Se na6 fizer ifto, errard a cura: fe em lugar dos medicamentos uteis, fe applicad os damnofos, como poderd farar o enfermo? 9 Nad he forgofo fique fem remedio ? Outs medebitur tui? as . 1r Temos en com Jeremias , que muitos Medicos efpirituaes naé curaé aos peni- tentes, por nao the manifeftarem as falfidades ; falta ver outros motivos, que para o.inten- to allega o Cardeal Hugo in Thren. cap. 2..v,13. Nullus Sacerdotum medebitur tut , 6 homo pee- cator ,quia vel idiote funt , vel fi fitunt , nolunt. A(péta he a primeira palavra, de que ula efte- Eximio Doutor: Quia vel idiota funt. Nab fe atreve o meu refpeito a affirmar feache verifi- cada efta palavra em nenhum dos que fe affentaé no fagrado Tribunal do Confeffionario, - fubftituindo a pefloa de Deos ; no poffivel cabe muito , e naé repugna, que algum ( aindaque ~ nad Ihe demos a cenfura de ignorante) feja menos douto do que convem; e€ fe aos feus pés chegaffe o penitente gravado do penofo accidente , comoo poderd curar ?. Deve o Medico: conhecer a enfermidade, que afflige ao doente, e conhecida ella, faber as virtudes dos medi- camentos; no conhecimento deftas virtudes; deve na6 ignorar quaes fa6 os que na enfermi- dade prefente fera6 importantes ; faltando em faber qualquer deftas coufas , em lugar de dat faude, matar4.. Difcorra-fe o mefmo no Medico efpiritual, pois corre a mefma paridade, Te- nho por efcufado ponderar os manifeftos damnos, que neceffariamente fe hadde feguir da im- pericia do Confeffor; quando eftd clamando a eterna verdade, e a inefavel Sabedoria de Chri- {to noflo Salvador, que fe hum cego ferve de guia a outro, he certo o precipicio de ambos: Cecus autem , fi ceco ducatum Pee , ambo in foveam cadunt. Matth. cap. 15. v.14. Sea ce- ueira, que as culpas tem caufado no penitente, fe ajunta com a falta de vifta , que ha no Con- Effort menos douto , que deve guiar, hum, e outro haGde cahir miferavelmente na profunda cova da fua perdiga6. Se o Piloto, a cujo cuidado fe fia o governo da ndo, he pouco deftro na fua faculdade, ignorando os rumos, na6 conhecendo:as linhas, ena6 fabendo os baixos;quem duvida , que na6 poderd conduzir o baxel ao porto defejado,e que elle, e os que o feguem, erecer4O entre as furiofas ondas do inquieto elemento? O’ Confeffores? Pilotos vos con- Ritue o Ceo, para conduzires as almas na ndo dos Sacramentos ao feliz porto da Gloria, pelo inquieto mar defte mundo : as tempeftades das culpas {a6 frequentes, as borrafcas dos pecca- dores {a6 muito ordinarias , porque {a6 muito torpes os furacoens defiguaes das desbocadas paixoens, furiofos os ventos dos mal domados appetites, fe fe ignora o unico methodo de go- vernar com deftreza eftas ndos , nem efta6 fepuras as voflas vidas efpirituaes, porque na vofla impericia levais arrifcadas as confciencias alheyas, A Theologia Moral he hum campo dila- tadiffimo ; nella ha muito que faber, e he neceflario o continuado eftudo para aprender o que fe ignora, e para nad efquecer o que fe fabe : feo eftudo he pouco, ou nenhum; como fe ha6- de adquirir as noticias neceflarias, e confervar as adquiridas? Difficultofa fciencia he a cura das almas. O’ na poffamos chorar , qu@-por impericia do Medico efteja6 incuraveis: Quis medebitur tui? Nullus, quia velidiote funt. = = j ieee 12 A outra caufa, que allega o Cartenfe para na6 fe remediarem as almas, he ; porque ain= pas _ daque os Confeffores feja6 fabios, naé as querem farar: Vel fi fciunt, nolunt. Nab querem cu- yar as almas enfermas aquelles, que podendo applicar-fe ao feu remedio , por {ua convenien- cia, omifla6, ociofidade, ou fraqueza de animo, naé fe dedicaé ao fructuofo emprego do con- feflionario : as minhas razoens fera6 inuteis para perfuadir alguns deftes {ujeitos , que prefos do feu amor proprio , achar46 mil faidas para apadrinhar a fuaefcufa ; bem a poder46 dourar a vifta dos olhos humanos : mag na@ fei fe poderdé ter efcufa diante dos olhos Divinos. O” fe eu pudera ponderar a alma de humas catholicas palavras do noffo pientiffimo Meftre, e fe- vero Juiz Chrifto JESUS ? A hum ferye entregou hum talento, pet io-lhe conta delle, den- Tha, e o condena as perpetuas trévas : Inutilem fervum ejicite in tenebras exteriores. Mattb. 7D ij : cap. t \ 7 4 z fi : ' ‘“ i sf 3 s ri
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