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92 Pe. Bartolameo da Monza Aqui não posso deixar de lamentar o abandono em que são dei- xados aqueles rios, e a quase negligência do Governo quanto às vantagens que a natureza proporciona. Aqueles rios poderiam oferecer grande riqueza ao Brasil, como um grande meio de comunicação e transporte. Mas, seja por falta de capitais, seja por inércia, seja por negligência, não se utilizam aqueles rios como se poderia e deveria, e os poucos vapores que partem da capital chegam só até Pedreiras, para depois a viagem continuar, por centenas de milhas, em barcos ou barcaças. Desta forma, a viagem torna-se longa, tediosa, insalubre, e aquilo que na Itália se faria em poucas horas, por lá só se faz em muitos dias. Além do mais, os barqueiros pagam o maior tributo à morte. Para manobrar um barco, são necessários pelo me- nos dez homens, e nos poucos meses em que estive na Barra do Corda, por mais de uma vez vi morrer quase todo o pessoal, tendo assistido a muitos, administrando-lhes os santíssimos sacramentos. A confluência dos dois rios Corda e Mearim forma-se à frente de uma praça bonita e espaçosa, embelezada por árvores frondosas, sob cuja sombra se veem casas e pequenas edificações. Numa das extremida- des, apresenta-se a antiga capela dedicada anteriormente a santa Filomena e agora a santo Antônio de Pádua. Aquela capela, ou igrejinha, foi a pri- meira erigida na Barra do Corda, e durante alguns anos serviu de igreja paroquial. Naquela capela trabalharam muitos padres capuchinhos, antes mesmo que a Província de Milão assumisse o trabalho da Missão. O padre Giuseppe da Loro, missionário capuchinho, e por alguns anos diretor da Colônia Indígena dos Dois Riachos, vinha de vez em quando à Barra do Corda prestar seus serviços e administrar os sacramentos àquela cristanda- de que não tinha sacerdote. Ele morreu em 1882, e suas cinzas, levadas de Vitória no dia 26 de dezembro de 1903, repousam agora junto aos ossos dos nossos mártires. Lá trabalhou também o m. reverendo padre Antonino da Reschio, então secretário-geral das nossas missões. Em frente à capela, está a atual casa dos padres capuchinhos, que serve de convento. Não mui- to afastado, fica outro prédio, antes destinado pelos superiores da Missão ao estabelecimento de um colégio e uma escola para as meninas. Vista das elevações próximas, que dominam toda a cidade, a praça apresenta um belo aspecto, enquanto o declive, do lado do levante, torna-a graciosa e poética.

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