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O massacre de Alto Alegre  69 examinasse os animais, a sela, faziam mil perguntas, todas respondiam, e ninguém entendia nada. Uma pula na garupa, outra tenta imitá-la mas cai, algumas lhes prestam socorro, outras acham graça, lhe dão coragem e gritam: “Ora, vamos! Já já será a minha vez de cair.” Todas montam, umas seguram as rédeas curtas e bem puxadas, com medo de cair, outras frouxas demais, deixando a mula andar solta. Põem-se em movimento. “Devagar, devagar” – grita uma. “Para, para” – grita outra. Riem, choram, falam todas ao mesmo tempo. Não podia ser diferente: era o primeiro teste. Os ajudantes que acompanhavam as cavalgaduras eram quase todos descendentes de selva- gens, e tratavam de deixar cada coisa em ordem. Em pouco tempo, todas se haviam transformado em verdadeiras amazonas, e, assim, no dia 24 de junho de 1899, todas chegaram felizmente a Barra do Corda, sem que tivesse acontecido o mínimo acidente. A chegada das irmãs na Barra do Corda foi um grande aconteci- mento. Era a primeira vez que religiosas colocavam o pé naquela terra. Toda a cidade estava preparada para recebê-las dignamente. As casas de comércio estiveram fechadas, assim como as residências. A população pôs-se na praça frontal da casa da Missão, onde se erguera a capela pública para os ofícios di- vinos. Todos desejavam vê-las, dar-lhes boas-vindas. Os filhos dos selvagens do instituto, em duas filas, formavam, por assim dizer, a guarda de honra. Assim que as irmãs apareceram, saudaram-nas com peças musicais escolhi- das, fazendo ecoar magistralmente os seus instrumentos musicais. O reverendo padre Stefano, superior da casa da Barra do Corda, as recebeu na porta da igreja, entoou o Benedictus , depois o Te Deum, em agradecimento pela feliz chegada das religiosas. A comovente função ter- minou com a Bênção do Santíssimo Sacramento. Um senhor da Barra do Corda pôs sua casa à disposição das irmãs durante a estada delas na cidade. Para lá então elas foram levadas, e toda a cidade as seguia com entusiasmo. Em Barra do Corda, ficaram só dois dias. Logo retomaram a viagem para Alto Alegre, ou Colônia de São José da Providência, onde chegaram no dia 28 do mesmo mês. O dia da chegada das irmãs foi de festa para a colônia. Cristãos e selvagens admiravam o espírito de sacrifício daquelas virgens do Senhor, vindas de tão longe para o meio deles, a trazer alívio e consolo para todos,

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