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62 Pe. Bartolameo da Monza também resolvera voltar à colônia naquela mesma tarde. Se o missionário não se incomodasse, ele o acompanharia, oferecimento que padre Celso aceitou de bom grado. Onde aguardava a passagem do padre Celso, Antô- nio, vendo-o assim acompanhado, não se atreveu a sair da tocaia, e padre Celso, sem nada saber do que havia acontecido durante a jornada e como a sua vida fora posta em perigo, chegou incólume à colônia. Vendo-se frustrado em seus intentos sanguinários, Antônio enfureceu-se ainda mais contra os missionários, e seu ódio não conheceu mais limites: voltou à aldeia do Coco determinado a não mais pôr os pés na colônia de São José da Providência a não ser para sujar as mãos de sangue inocente. A partir daí, começou a percorrer quase todas as aldeias, meten- do-se mata dentro a semear desordens e incitar todo mundo à revolta. Sua garantia era que todos seriam protegidos pelo Sr. Pedro Lopes, de Grajaú, porque havia sido ele quem tinha mandado matar padre Celso, e, protegi- dos por um homem daquela condição, ninguém tinha nada a temer. Era verdade ou não era verdade que o Sr. Pedro Lopes tinha dado ordens para matar padre Celso? Nada se sabe de positivo. E como se deu que padre Celso e os missionários vieram a saber do procedimento de Antônio Correia Lima? Por acaso e por meio de um artifício concebido para outros fins. Os selvagens da aldeia do Coco tinham abatido um boi que não lhes pertencia, e, além disso, roubaram algumas coisas da casa da Missão. Padre Celso estava resolvido a perdoar o ladrão, mas queria conhecê-lo, de modo a impedir outros atos da mesma natureza. Todos os meios foram empregados para saber a verdade, mas inutilmente. Um dia, padre Celso vai à aldeia, reúne os selvagens e lhes fala: – Ouçam, meus caros, eu tenho como saber quem foi o ladrão e quem matou o boi, porque o seu cacique, que agora está caçando, me conta tudo o que acontece e que eu lhe pergunte. Eu estou disposto a perdoar, mas com uma única condição: que me prometam que não farão mais essas coisas. Os selvagens, amedrontados, prometeram que daí por diante se comportariam melhor e não mais roubariam. Mas um deles, mais corajoso que os demais e que talvez tivesse alguma inimizade com o chefe da tribo, começou a falar:

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