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56 Pe. Bartolameo da Monza Os modernos positivistas apregoam que o missionário, entrando na selva, o que faz é perturbar a simplicidade do selvagem, mas alardeiam esse reclamo unicamente porque gostariam de continuar a explorá-lo e a considerá-lo mercadoria. O positivista grita que o missionário é um tirano que pretende impor aos selvagens uma crença que não é a deles e costumes que não conhecem; mas o positivista fala assim porque gostaria que o selva- gem viva sem Deus, como um animal, para depois encontrar um argumento com que desculpar-se a si mesmo. Ele, que condena e impede ao missionário o livre acesso aos selvagens, é mais selvagem que os próprios selvagens, é o maior inimigo da civilização, é um verdadeiro bárbaro para si e para os homens cujo bem deveria desejar. Penetre o positivista nas selvas virgens, acompanhe o missionário, submeta-se às mesmas privações, condivida com ele a sua vida, faça os mesmos sacrifícios, tenha a mesma fé, e verá que em pouco tempo mudará de opinião: verá hordas indômitas que se poderiam tomar como tigres reunirem-se pouco depois em famílias, constituírem-se em sociedade e civilizarem-se, saberem-se humanos e respeitarem-se a si e a seus semelhantes. Verá centenas de crianças subtraídas à morte e trans- formadas em seres úteis a si e à sociedade em geral. O positivista chama de infrutífera a obra do missionário, e a condena. Largue de combatê-los, largue de colocá-los em má situação à vista dos selvagens, largue de açulá-los à rebe- lião, dando-lhes os meios para tal fim, largue de incitá-los e fomentar neles as mais detestáveis e horríveis paixões. Em uma palavra, largue de querer que eles permaneçam selvagens, e as mais virgens selvas do Brasil serão agradáveis jardins habitados por um povo não somente civilizado, mas generoso. Deixa- do livre, não perseguido, não marcado para morrer por gente que se chama civilizada, assistido pela graça divina, o missionário fará prodígios. Em sua igreja, ele ensinará a doutrina do Evangelho aos adultos, a agricultura nos campos, as artes nas oficinas. Ele dirá aos pais aquelas admiráveis palavras de Jesus Cristo, “Deixai que venham a mim as criancinhas”, e nas escolas, com amor de pai, com afeto de mãe, formará seus tenros corações, enriquecerá os seus espíritos com uma verdadeira ciência, ensinando-lhes seus direitos e principalmente seus deveres perante Deus e os homens, direitos e deveres que, bem compreendidos, fazem a felicidade de uma sociedade civil. Eles lhes ensinarão aquela piedade que traz a sabedoria, que é boa e útil para todas as coisas, porque tem em si mesma a promessa da vida presente e da vida fu-
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