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O massacre de Alto Alegre 23 os povos ditos naturais, não houvesse interferência e mudança dos seus costumes e tradições. Mas a grande mudança de mentalidade na Igreja só vai ocorrer a partir do Concílio Vaticano II , convocado em 1961, pelo papa João XXIII , para “ promover o incremento da fé católica e uma saudável renovação dos costumes do povo cristão, e adap- tar a disciplina eclesiástica às condições do nosso tempo e do mundo moderno”. Com o decreto Ad gentes, de 1965, já sob o pontificado de Paulo VI , estabelecia-se que, na atividade missioná- ria, deveria ser ressaltada “a afirmação de que a fé católica não se vincula diretamente a nenhuma expressão cultural em particu- lar, mas deve adequar-se às diversas culturas dos povos aos quais a mensagem evangélica é transmitida”. O novo pensamento cristaliza-se já no ano de 1979, nas palavras de João Paulo II , na exortação apostólica Catechesi Tra- dendae, dirigida a todos os missionários: “A catequese tem de procurar conhecer essas culturas e as suas componentes essenciais; ela deve aprender as suas expres- sões mais significativas; e deve também saber respeitar os seus valores e riquezas próprias. É desse modo que ela poderá propor a tais culturas o conhecimento do mistério escondido e ajudá- -las a que façam surgir da sua própria tradição viva expressões originais de vida, de celebração e de pensamento cristãos”. Era o conceito de inculturação, que passaria a ser adotado nas missões estrangeiras. No centenário da Missão do Maranhão, em 1993, o Pro- vincial de Milão, Fidencio Volpi, sucessor de José Rovetta, que a au- torizara, escreveu, no livro Eles saíram para semear, publicado pelo Convento do Carmo, em São Luís, que “os nossos antigos, em força de grande pressa que os impelia a ir como discípulos dos primeiros cujos feitos são narrados nos atos dos apóstolos, não tiveram tempo
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