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20 Pe. Bartolameo da Monza O ataque anunciado aconteceu às 5 horas da manhã de 13 de março de 1901, quando os padres e freiras iniciavam a pri- meira missa do dia na igrejinha de Alto Alegre. * A tragédia, que teve o efeito de uma hecatombe para as popu- lações de Barra do Corda e Grajaú, abalou o sertão maranhense, reper- cutiu em São Luís e em todo o país, e provocou manifestação de pesar do papa Leão XIII , que a recebeu como “as primícias do século XX ”. O governador João Gualberto Torreão da Costa, que apoiara a Colônia mas era agora acusado pelos capuchinhos de ser um positivista simpático aos índios, desautorizou o contra-ataque das forças militares e voluntárias organizadas em Barra do Corda e Grajaú para combater os rebeldes, o que evitou morticínio maior. Mandou também fechar o instituto de Barra do Corda e devolver as crianças aos pais. 9 Os líderes da rebelião foram presos e levados a julgamento em Barra do Corda. Refletindo o pensamento positivista dominante, parte da imprensa de São Luís, principalmente os jornais Diário do Mara- nhão e Pacotilha , além da Gazeta Caxiense , acusava os frades de terem fomentado a revolta ao interferir no modo de vida dos indí- genas e se apropriado indevidamente de seus filhos. “Até os irracio- nais têm amor aos filhos; o indígena não deve tê-lo?”, provocava o redator do Diário do Maranhão (1 o de abril de 1901). Os índios foram absolvidos, considerados “inimputáveis” perante a lei. Mas não foram perdoados, até hoje, pelas populações dos dois municípios, que passaram a cultuar, com o estímulo da Igreja, 9 Mensagem do governador João Gualberto Torreão da Costa ao Congresso do Estado , em 10 de fevereiro de 1902. Pág. 2. (Arquivo Público do Estado do Maranhão.)
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