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O massacre de Alto Alegre  19 livro Amore e martirio nella foresta, publicado também em Milão, em 2000, pelo Instituto Capuchinho de Madre Rubatto. A 28 de fevereiro de 1900, Irmã Inês, uma das freiras do internato, escreve à sua superiora: “Com pouco, a nossa casa ficou cheia de caboclos, todos querendo ver suas filhas. Para acalmá-los, commedo de uma revol- ta, tivemos que abrigar em casa quase todas as mães das meninas durante dois dias e duas noites. Imagine, Madre, a nossa casa trans- formada em aldeia! As mulheres cantavam, gritavam e choravam, e nós a correr, ora ao lado de uma, ora ao lado de outra, para lhes dar carinho e indicar que não havia cilada alguma em roubar-lhes as meninas.” 8 Incidente tão explosivo quanto a epidemia foi a prisão, em setembro daquele ano, do índio João Caboré, sob a acusação de ter cometido adultério. Cacique da aldeia do Coco, a mais numerosa, Caboré fora criado por famílias de Barra do Corda, sabia ler e escrever, era batizado e se impunha como líder. Depois de casar-se em cerimônia religiosa, tinha sido visto com nova mulher, o que era inadmissível a um índio feito cristão – mas era prática comum em sua tribo. Foi preso e conduzido para a cadeia pública de Barra do Corda. E jurou vingança. Durante o restante do ano de 1900, visitou as aldeias, convidando os caboclos, principalmente os que tinham so- frido algum tipo de punição, para a guerra aos missionários. Os padres e freiras foram muitas vezes avisados desses pre- parativos, mas, apesar dos atentados frequentes e das ameaças isola- das, não conseguiram detectar a crescente inquietação nas aldeias. 8 Clarões de bondade e heroísmo das sete religiosas martirizadas através de cartas autografadas . Edições A Voz de São Francisco, Fortaleza (CE). Convento Sagrado Coração de Jesus dos Frades Capuchinhos, março 1951.

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