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18 Pe. Bartolameo da Monza tinha que estar disponível para o trabalho (sempre remunerado, conforme muitas vezes mencionado em documentos), não poden- do retornar às aldeias. Deveria frequentar as cerimônias religiosas, obedecer a horários rígidos e não ingerir bebidas alcóolicas. A deso- bediência implicava punições, que podiam chegar à prisão do infiel na cadeia de Barra do Corda. Frei Bartolomeu da Monza menciona, em seu livro, di- versos atentados à vida dos religiosos e a dificuldade em conseguir crianças para os internatos, como também denuncia a existência de campanha movida contra a missão pelos regatões – os comerciantes que percorriam os rios vendendo mercadorias –, agora prejudicados pelo novo centro agrícola; por positivistas, que se manifestavam pela imprensa de São Luís censurando o empreendimento; e por pastores protestantes que começam a atuar em Barra do Corda. Em carta ao ministro-geral, em fevereiro de 1900, frei Zaccaria da Malegno conta que “efetivamente, alguns chefes das tribos, pela sua natural superstição e, mais ainda, insuflados pelos inimigos da missão, os regatões de sempre, e por outras pessoas inte- ressadas, já manifestavam certa agitação, acusando os missionários de quererem matar os filhos dos índios e planejarem secretamente a destruição de todas as suas tribos”. 7 A insatisfação nas aldeias agrava-se quando um surto de sarampo se alastra pela região, atingindo em cheio os dois institu- tos. Em menos de dois meses, todas as crianças adoecem. Metade delas – 52 – morrem. O horror daqueles dias é narrado em cartas que as irmãs enviam de Alto Alegre a suas superioras e parentes na Itália e às quais frei Bartolomeu não teve acesso quando publicou estas suas Notas. Elas estão transcritas, ao lado de outros importantes documentos, no 7 Merlatti, Graziella. Amor e martírio em Alto Alegre , tradução de Vito Milesi. Ética Editora, 2001. Pág. 47.
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