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O massacre de Alto Alegre  17 ra, de 26 de janeiro de 1887, na qual pede uma subvenção anual de 6 contos de réis para seus projetos, é fazer de Alto Alegre “uma povoação de indígenas civilizados, colocando, ali, quando for tempo de casarem- -se, os moços e moças bem educados que saírem dos dois institutos”. A “cristianização e civilização” dos índios não se alcançará, segundo ele, “senão desfazendo com meios pacíficos as aldeias e espa- lhando as famílias para trabalharem e viverem como cristãos”. Para alcançar tal objetivo, o caminho “é procurarmos tirar das aldeias os meninos para educá-los com desejos, aspirações e habilitações cristãs”. Frei Carlo imagina que, “daqui a 50 anos ou um século”, a colônia se transformaria em “uma cidade de caboclos com todas as artes e indústrias e com caminhos de comunicação para o rio Gra- jaú e para o rio Mearim, naquele Alto Alegre...” 6 O que ele certamente não contava era com a resistência dos próprios índios. “Desde o começo da missão nesta cidade, os frades sentiram por parte dos indígenas a maior repulsa na entrega dos filhos para a educação catequista que a estes dão aqueles religio- sos”, registra O Norte, em 24.1.1901. Situação confirmada por frei Celso Uboldo, em correspondência a um amigo na Itália: “Nas incursões realizadas ultimamente, obtive 42 me- ninos, seis dos quais fugiram, dois foram para o Céu e os demais aprenderam no instituto de uma maneira admirável. Mais de uma vez corri perigo de ser flechado, mas Deus salvou-me [...] As freiras aqui estão conosco, no mesmo campo de batalha; batalha verdadeiramente renhida, porque a nossa situação é difícil [...] Estamos sempre em perigo.” Em seu rigoroso código de convivência, a missão determi- nava que, uma vez batizado e aceito na nova comunidade, o índio 6 Correspondências e relatórios de frei Carlo da San Martino Olearo e outros inte- grantes da Missão do Maranhão constam do Arquivo da igreja do Carmo, em São Luís do Maranhão.

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