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O massacre de Alto Alegre 187 quais foram os desígnios da Providência em tê-lo feito irmão leigo. Livre dos deveres exigidos de um sacerdote, ele pôde ocupar-se inteiramente do bem-estar da colônia, velando por ela e dirigindo-a nos pormenores de seus progressos, misturando-se mais livremente com os selvagens. Quantos suores derramou, quantas privações sofreu, quantos sofrimentos superou, quantos perigos enfrentou, só Deus sabe. Como um valoroso soldado de Cristo, atirava-se ao campo, de braços abertos, e o seu peito era como um rochedo de bronze. Muitas vezes foi visto derrubando árvores na mata e encoivarando-as ele mesmo, preparando terrenos, semeando-os, cultivan- do-os e colhendo os frutos, que eram depois distribuídos em abundância aos próprios selvagens, impressionados e admirados de sua grande ativida- de. Com as próprias mãos, fabricava tijolos para construir casas sólidas e grandes, capazes de abrigar famílias inteiras. E aquelas fadigas, oh, quanto lhe eram doces, porque ele sabia que, por aquele meio, abriria o caminho de chegada até às almas dos selvagens, para iluminá-los e salvá-los. Os be- nefícios materiais que ele levava aos selvagens eram um meio para depois chamá-los a receber a graça de Deus e observar a sua santa lei. A sua vida, seu exemplo, suas palavras calorosas, sua presença de espírito, seu desprezo pelos perigos da vida, tantas vezes exposta a insídias, fez que por alguns ele fosse temido, por outros respeitado, por muitos amado, e grande era a sua influência, tanto na Colônia como entre a vizinhança. Com tudo isso, porém, ele jamais esqueceu que era religioso: a sua vida foi sempre a vida do noviciado, e ele foi sempre exemplar na observância de seus votos, na frequência à oração, na observância das regras mesmo as mais insignifi- cantes, e assim ele se conservou até o momento final, quando Jesus o quis consigo no Paraíso como mártir da fé.
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