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O massacre de Alto Alegre 183 Paraíso, de seus ideais de apóstolo e de mártir. Animado nos gestos, olhos cintilantes, rosto aceso, tudo nele transpirava o hálito vivificador da graça e o amor daquele Deus que se alimenta entre os lírios. Aos quinze anos, já acariciava a ideia de consagrar-se a Deus na Ordem dos capuchinhos. Os pais, os parentes, os amigos fizeram de tudo para dissuadi-lo de tal plano, mas ele já tinha feito a sua escolha, e superou todos os obstáculos. Com a idade de dezesseis anos, entrou para o Novicia- do de Lovere. Recebeu o hábito capuchinho no dia 20 de maio de 1889, tomando o nome de frei Vittore. Qual tenha sido o seu fervor, qual foi a sua vida, é fácil concluir- -se do quanto já foi dito a seu respeito. Aqui é suficiente dizer que o m. reverendo padre Giuseppe da Rovetta, homem de rara virtude e que bem sabia conhecer os espíritos de seus noviços, muito apreciava contar entre eles frei Vittore, apontado como modelo a ser imitado por todos, e sobre cujo rosto brilhava ainda o raio da inocência batismal. Terminado o ano de noviciado, foi admitido, por unanimidade de votos, à santa profissão, no dia 22 de maio de 1890. Retomando os estudos, destacou-se sempre entre os condiscípulos pela perspicácia na investigação da ciência, pela veia fe- cunda das concepções literárias e poéticas, mas sobretudo por sua virtude. A 21 de novembro de 1893, fez a profissão solene, e, no dia 9 de março de 1895, celebrou a primeira missa. Sacerdote e religioso, ele foi sempre modelo para todos, tanto pela observância regular, pela caridade, pela obediência, como pelo amor ao sofrimento, virtudes que todas floresceram em sua bela alma. Padre Vittore devia se tornar também apóstolo e mártir. Desde quase a sua primeira infância, ele se sentia chamado ao suor, ao desconfor- to, às privações, ao sacrifício, à morte dos apóstolos de Jesus Cristo. Ainda jovem de quinze anos, assim se expressava aos colegas: “Não é belo e glorio- so propagar o conhecimento de Jesus Cristo, padecer por Ele, derramar o próprio sangue por Ele? Eu serei missionário e morrerei mártir!” Estas suas aspirações não foram sonhos de juventude, nem consequências de fáceis entusiasmos, não foram chamas de um fogo passageiro, mas, com o passar dos anos, foram cada vez mais se delineando com clareza e avivando-se. Na vida religiosa, bem cedo manifestou aos superiores o seu ar- dente desejo, os quais conhecendo-lhe o espírito, acolheram-no com ardor, e padre Vittore foi mandado à Missão do Maranhão.
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