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170 Pe. Bartolameo da Monza Mortos os caciques dos selvagens a 26 de julho de 1905, foi encerrado o processo, e os selvagens remanescentes foram declarados me- nores diante da lei, não responsáveis por suas ações, e postos em liberdade, ao mesmo tempo em que se declaravam culpados de tudo quanto tinham sido denunciados. Esta decisão foi dada por ordem do Governo. De tal ordem não se fez segredo algum. Todos os jurados que se negaram a ser escravos do Governo e a obedecer a ordens injustas, mas queriam seguir indepen- dentemente os seus próprios juízos foram excluídos da votação. E os que votaram diziam: “Tanto faz votar contra ou a favor, o Governo os quer livres.” Assim decidiu a política, assim seja. O coronel Pinto estava tão ansioso de vê-los em liberdade, que, antes mesmo que os jurados dessem o voto e o juiz a sentença, ele avisou aos selvagens que preparassem suas coisas, porque seriam soltos naquela mesma noite. No entanto, por causa de determinadas formalidades legais, a sentença não se deu naquele dia e, sim, um dia depois. A Barra do Corda, que os tinha recebido com grande indignação no dia 7 de agosto de 1901, celebrou com uma dança a sua libertação. Assim caminha o mundo. A igreja de Alto Alegre, que estava interditada por causa da pro- fanação dos selvagens, foi benzida pelo D. Antônio Xisto Albano em ou- tubro de 1902, durante sua visita pastoral, assistido pelo padre Roberto. Alto Alegre subsiste ainda. Um padre capuchinho visita aquele lugar duas ou três vezes ao ano. Mas Alto Alegre, humanamente falando, não será mais aquilo que foi um dia. Antes de fechar este meu pequeno trabalho, dirijo um último olhar aos irmãos e irmãs mártires de Jesus Cristo. Os seus rostos desfigurados não me fazem horror, as suas vesti- mentas dilaceradas, aquelas pessoas sujas de sangue e de pólvora, aqueles ossos úmidos não me lembram senão a morte pelo martírio, e esta é sempre bela, majestosa, invejável. Diante de seu túmulo, o luto se transmuda em alegria, a mor- te em vida, e do coração naturalmente irrompe a seguinte exclamação: “Generosos! Durmam em paz os vossos ossos, porque a vossa alma já despertou no seio de Deus, e está gozando da glória celeste. Diante da Vossa tumba, eu não choro, mas rogo e vos suplico volvais um olhar

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