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O massacre de Alto Alegre  167 “sangue, sangue, quero sangue”. Com ele, outros e depois outros. O nú- mero deles superou a trinta. Outros caciques voltaram a suas aldeias, todos se dispersaram, o distrito de Alto Alegre livrou-se da sua presença. Era o dia 7 de agosto. A notícia daquele fato encheu de júbilo a todos os habitantes da Barra do Corda. Quando o comandante policial chegou a Barra do Corda com os facínoras selvagens, o povo os recebeu com a maior indignação e horror. Mas, ao mesmo tempo, tamanha foi a alegria de se verem livres en- fim de qualquer perigo, que, em sinal de triunfo, fizeram voto de celebrar com a máxima pompa a próxima solenidade da Assunção da Beatíssima Virgem ao Céu. A 15 de agosto, portanto, foi festejada com solene entusiasmo a Assunção de Maria Santíssima aos Céus. Foi um solene tributo de gra- tidão e agradecimento à Celeste Rainha, que com seu patrocínio tinha bondosamente libertado Barra do Corda de todo temor dos selvagens. Foi um verdadeiro entusiasmo de júbilo e confiança em Maria. Tudo parecia renascido para uma nova vida. A música e os sagrados bronzes alegravam aquele dia solene. À noite, fogos de artifício. Pensou-se em erigir uma capela sobre o túmulo dos mártires, e esta foi benzida no dia 25 de novembro de 1902, pelo m. reverendo padre Giampietro, com a devida autorização do bispo diocesano, D. Antônio Xisto Albano, e foi dedicada ao Santo Crucificado. Para lá foram traslada- das as relíquias do terciário Paulo de Paulo, o crânio de dona Carlota, os restos mortais do padre Celso da Uboldo, antigo superior da Colônia de Alto Alegre, que se havia dedicado totalmente à salvação e à civilização dos selvagens, e que entregara a alma ao ósculo do Senhor, vítima da caridade, no dia 11 de novembro de 1899, e também os do padre Giuseppe da Loro, missionário capuchinho, que por tantos anos tinha sido diretor da Colônia Indígena dos Dois Riachos, no distrito de Barra do Corda, morto de morte natural em 1882, em Francalina. Os seus restos foram para lá trasladados pelo padre Roberto, no dia 26 de dezembro de 1903. No dia 2 de abril, com a autorização do Exmo. bispo d. Antô- nio Xisto Albano, foi aberta a tumba dos mártires, na presença de toda a família religiosa, para que fossem verificados os restos mortais dos quatro mártires capuchinhos, que foram colocados em caixas separadas.

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