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166 Pe. Bartolameo da Monza portanto a Alto Alegre, ligeiro.” Porém, continuava a criar obstáculos. Os soldados o aconselharam a não insistir, mas ele continuava a fazer-se de surdo: cansados de suportá-lo à força, fizeram-no entrar na mata, e lá o fuzilaram, deixando o cadáver do facínora como carniça para os urubus. Terminada a novena, uma inspiração celestial sugeriu aos re- ligiosos irem a Alto Alegre, para retirar a imagem de Nossa Senhora de Lourdes e levá-la a Barra do Corda. Retirar a imagem e os facínoras entregarem-se espontaneamen- te, foi uma só coisa. Alguns gritarão que foi puro acaso. Quanto a mim, outra coisa não vejo senão a intervenção dos céus e o dedo do Senhor, tan- to mais que o próprio coronel Pinto, maravilhado e surpreso, movido por um sentimento íntimo inexplicável, e quase contra a vontade, exclamou: “Foi preciso remover a imagem de Nossa Senhora, para que os índios cri- minosos caíssem nas mãos da Justiça!” Eis como tudo aconteceu. Um dos nossos serviçais, de nome Claro, com a ajuda de outros, estava na capela removendo a mencionada imagem. De repente, entra um dos caciques dos selvagens. O criado reco- nhece imediatamente o índio Manuel Paiva. Imagine-se o estado em que ficou o pobre serviçal. Porque Paiva era um dos principais cúmplices do grande delito de Alto Alegre. Já se via a morte diante dos olhos. Mas não. Aquele coração estava tocado. Ele disse que, livre e espontaneamente, vi- nha entregar-se às mãos da Polícia. O criado, quase inspirado, disse: – Se você diz a verdade, se verdadeiramente vem aqui com o único fim de se entregar à Polícia, você deve saber onde está sepultado o corpo de padre Vittore, que depois de tantas procuras ainda não encontra- mos, e eu desejo levar as relíquias dele a Barra do Corda juntamente com a imagem de Nossa Senhora. Manuel Paiva indicou o lugar, dizendo: – Eu mesmo o arrastei para lá. O corpo de padre Vittore tinha a cabeça toda esmagada, quase aos pedaços! Que morte penosa terá sofrido! Levado a Barra do Corda, o seu cadáver foi enterrado no mesmo túmulo dos outros mártires, no dia 13 de março. Em seguida a Manuel Paiva, também livre e espontaneamente entregou-se o famigerado João Caboré, que durante a carnificina gritava
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