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160 Pe. Bartolameo da Monza dada com tanto suor, seu e dos coirmãos missionários, contava então com mártires e anjos no Céu, e ele ainda se iludia em pensar que, em tempos futuros, talvez fosse reaberta, em consonância com a famosa sentença de Tertuliano: “O sangue dos mártires é semente de cristãos.” Em sua humildade, ele se considerava tão desmerecedor, que não chegou sequer a conhecer suas filhas espirituais, as primeiras manda- das ao Brasil. Eis o que, em data de 4 de abril de 1903, escrevia à madre-geral das capuchinhas: “Eu tenho toda esperança, antes, a certeza histórica e católica, de que, agora que a nossa Missão, purificada por mil angústias, santificada por mil calúnias, humilhada por mil misérias materiais, embe- lezada por anjos e batizada com o sangue dos mártires [...] agora a nossa Missão dará frutos reais e sazonados. Choro como fundador daquelas duas casas, como pai daqueles caríssimos discípulos, companheiros, filhos e fi- lhas. Fico dernorteado enquanto superior responsável, que não sabe como continuar. Mas, como missionário, tenho fé, tenho esperança que, depois da tempestade, virá o tempo ameno, a paz, a tranquilidade!” Sabedor, cinco dias depois da sua chegada à Barra do Corda, de como iam as coisas em Alto Alegre, e que o coronel Pinto lá já se es- tabelecera, decidiu ir pessoalmente ao local do massacre, para cumprir o último dever, de dar a seus filhos espirituais e mártires de Jesus Cristo uma sepultura honrada, levando como companheiro o padre Stefano. O coronel Pinto enviou um alferes e um sargento para recebê-los. Eis como o padre Carlo descreveu a sua chegada: “Nós chegamos uma hora depois do meio-dia de 28 de abril, dia que devia ser de festa para a Colônia, porque era o dia do Patrocínio de São José. Mas como foi diferente a solenidade daquele dia em relação aos outros anos! Com grande dificuldade, pôde-se celebrar uma única missa durante a viagem, e aquele Alto Alegre que verdadeiramente mostrava um magnífico horizonte, aquela colônia que já dava todos os indícios de uma bela e risonha vila indígena, aquele precioso São José da Providência, que era o místico jardim da nossa Missão e da catequese dos índios, naquele dia oferecia o mais tétrico espetáculo. Em lugar dos índios, lá estava um acam- pamento de soldados em guerra, campos devastados, cercas desfeitas ou destruídas, casas arruinadas ou derrubadas, aqui e ali valas com numerosos

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