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138 Pe. Bartolameo da Monza por que o Divino Pai não poupou o seu único Filho. Será forçoso sacrificar a própria vida, tornar-se vítima em holocausto para cumprir a obra da re- denção, da paixão de Cristo: que ela seja sacrificada, mas nunca jamais se permita ao homem precipitar almas no Inferno somente porque ainda não ouviram a Boa Nova, somente porque ainda não foram lavadas no sangue do Cordeiro Imaculado. Foi um ato da Divina Misericórdia que, aos 22 de abril de 1500, o almirante Pedro Álvares Cabral, descobrindo o Brasil, tivesse a seu lado o pa- dre Henrique, guardião franciscano do convento de Coimbra, o qual, pou- cos dias depois da descoberta, na solenidade da Páscoa, celebrou a primeira missa em solo brasileiro, na presença dos descobridores e de uma multidão de selvagens, e, pela primeira vez, hasteou a Santa Cruz, estandarte de reden- ção. Daquele dia pode-se datar o início da catequese no Brasil. Inúmeros são os mártires, mas foi o seu sangue que fecundou este terreno tão estéril. Franciscanos, beneditinos, agostinianos, carmelitas, capuchi- nhos, jesuítas, todos foram incansáveis na conversão e civilização dos índios, embora tivessem de combater inúmeros obstáculos, quase insu- peráveis, da parte dos selvagens, cuja propensão para a antropofagia se apresentava invencível, ou contra a cupidez e a licenciosidade dos povos colonizadores – portugueses, franceses, espanhóis, holandeses –, cujo úni- co intento parecia ser destruir o selvagem e reduzi-lo à escravidão, vivendo de seus trabalhos, usando-os como bestas de carga, e apropriando-se de suas mulheres e filhas. O missionário, com a força de paciência, com o exemplo de uma vida edificante e desinteressada, conseguiu converter muitas tribos e torná-las civilizadas. Basta percorrer as crônicas das diversas ordens e das diversas missões, para se convencer, edificar-se, maravilhar-se das suas obras grandiosas, dos seus magníficos resultados, conhecidos somente por Deus e pelos próprios missionários. Lendo algumas páginas destas crôni- cas não se pode senão exclamar: Digitus Dei est hic. 9 A colonização do Brasil foi obra do apostolado católico, e se alguém se aplica ao estudo da sua história, não pode duvidar que, se não fosse pela catequese, o selvagem não teria sido nunca convertido, nunca teria participado 9 “Aqui está o dedo de Deus.” (N. T.)

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