BCCCAP00000000000000000001766

132 Pe. Bartolameo da Monza recia adotar os seus costumes. Cedo, porém, desenvolveu-se nele o natural dos selvagens. A vida errante das selvas era seu sonho, o seu desejo, a sua aspiração. À idade de doze anos, encontrando-se com alguns de sua tribo que passavam por Barra do Corda, juntou-se a eles, e sem fazer o menor gesto de adeus aos benfeitores de sua infância, fugiu. Atilado em pessoa, pele cor de cobre, olhos acesos, ardentes, cabelos negros, longos, ondulados, logo se tornou ídolo da sua tribo gua- jajara. Sua paixão eram as grandes caçadas. Arco e flecha, seus contínuos companheiros. Não havia perigo que não enfrentasse. Num recontro com uma onça perdeu um olho, mas, como vencedor, a perda lhe valeu um perpétuo troféu. Verdadeiro selvagem, desprezava o trabalho. Sua ocu- pação era a guerra e, quando não a guerra, era a caça, pois a caça para os selvagens é também um tipo de guerra cheia de perigos e que demanda estratégias. Quando não estava nem em guerra nem caçando, amarrava a rede em qualquer árvore, na mata, na sua cabana, ou no meio da tribo: lá se embalava, dormia, fumava, bebia, e se levantava apenas para tomar parte nas danças selvagens, ou para sentar-se ao redor da fogueira, para contar ou ouvir as lendas dos antigos guerreiros da própria tribo. Ele representava em si mesmo a vida típica do selvagem. Quando se tornou cacique de sua tribo, sua influência era grande. Sua palavra era ordem e lei. Quando os capuchinhos chegaram a Alto Alegre e fundaram a nova missão, o Caboré foi um dos primeiros a estabelecer-se na nova colô- nia com os selvagens seus subalternos. Católico, seguia os costumes católi- cos, pelo menos externamente. Era um dos primeiros na igreja. Seu lugar ficava sempre perto do altar. Rezava, em toda aparência, com a máxima de- voção. Sempre respeitoso para com os missionários, nunca os encontrava sem que lhes pedisse a bênção. Se alguém da sua tribo cometia algum erro, era ele que informava os missionários. Todos admiravam a sua conduta, e os padres capuchinhos puseram nele toda confiança: tinha-se tornado, por assim dizer, um da família. Apesar da mudança exterior, sempre porém ficava, no Caboré, a marca do paganismo e do selvagem que desconhece o non licet do Batista. Pensou-se no seu casamento, e para que a união desse bons frutos e inspi- rasse a todos os selvagens sentimentos dignos do sacramento, pretendeu- -se dar-lhe toda a solenidade possível. Por sua livre e espontânea vontade,