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130 Pe. Bartolameo da Monza tos, quais se cometeram fora e dentro das portas do estabelecimento?” Os jurados responderam por unanimidade de votos: “Está provado.” O promotor de Justiça, Raimundo Bona, durante o seu discur- so, assim falou: “Acordaram [os chefes dos selvagens] assassinar todos os re- ligiosos e religiosas que viviam no povoado de Alto Alegre, termo desta co- marca, sob o fútil pretexto de tirar do poder daquelas infelizes criaturas as meninas indígenas, para a educação e o futuro das quais, tantos cuidados, zelos e vigilância tinham há anos empregado; como também assassinaram todos os cristãos lá residentes, sinceros e verdadeiros amigos dos frades, como eles mesmo diziam. Conhecido que foi pelos seus companheiros o nefando projeto de pôr fim criminosamente à existência dos benfeitores de sua raça, os quais, para o melhoramento da sorte dos selvagens e para fazer feliz o futuro deles, tinham trocado a pacífica e doce companhia dos povos civilizados, para viver uma vida humilde, insípida, no meio das selvas, com uma população inculta, ainda escrava e presa aos grilhões da ignorância crassa”, etc. Eis aí, portanto, legalmente reconhecida a primeira razão e o motivo abraçado para o massacre: apenas um pretexto. Eis aí legalmente reconhecidos o afeto, o amor, a solicitude das freiras pelas meninas indíge- nas. Eis aí legalmente reconhecidos os religiosos capuchinhos como ben- feitores da raça dos selvagens. Eis aí descrito legalmente o sacrifício deles pela felicidade dos selvagens. Depois disso, seja-me respondido se falar de maus-tratos e a isso atribuir o massacre não é uma difamação, não é uma calúnia, não é um injuriar aqueles que o sumo pontífice Leão XIII , de santa memória, chamou “primícias do século – os mais novos mártires”?
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