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128 Pe. Bartolameo da Monza foi destruído pelos mesmos selvagens, e os que tinham consagrado a vida por este grande movimento eram mártires, já tinham recebido no Céu o seu prêmio, a sua coroa, e deles se podia dizer: “As almas dos justos estão nas mãos de Deus e a elas não tocará o tormento da morte. Aos olhos dos insensatos parecia estarem mortos. Mas eles já estavam na paz do Senhor!” Depois do massacre, o público naturalmente queria saber e co- nhecer a razão e o movente daquilo, e ficou dividido em suas apreciações. Houve quem atribuísse o massacre ao desejo que os selvagens tinham de retirar os seus filhos e filhas das escolas da Missão, alegando como razão os maus-tratos recebidos. Outros atribuíam-no a uma vingança. Outros à natureza corrompida dos selvagens, a seu desejo de continuar numa vida indolente, viciosa, e enriquecer reunindo bons despojos com os bens alheios. Outros, enfim, atribuíam-no ao fanatismo religioso, que os levava a conservar as suas antigas e fabulosas crenças. Eis o que eu penso, depois de ter ponderado bem as coisas. Antes de tudo, volto a chamar a atenção dos leitores para o que já foi dito no capítulo IX da primeira parte deste meu escrito, onde afir- mei que os motivadores do massacre não foram os selvagens, mas pessoas já civilizadas e corruptas, e que os selvagens foram apenas o meio para o massacre. Com tal premissa, sustento que a primeira apreciação é abso- lutamente falsa, é um insulto, é a mais injuriosa acusação, a mais infame, contra aqueles que haviam abandonado tudo e consagrado a própria vida por amor aos selvagens, aqueles que considero mártires do próprio dever, mártires da Fé, da Religião de Cristo, nosso Senhor. A segunda apreciação é verdadeira no tocante a João Caboré. A terceira também é verdadeira, especialmente em relação àque- les que tomaram parte principal no massacre, e que, por assim dizer, eram os ajudantes de campo de João Caboré, como foram Manuel Justino e Pedro de Araújo. A quarta também é verdadeira no que toca à multidão dos sel- vagens vindos do interior. Portanto, o massacre é devido à vingança, ao amor pelo vício, à cobiça e à infidelidade.