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O massacre de Alto Alegre 127 tras aldeias. Desejando os missionários capuchinhos da Província de Milão chamar estes selvagens para a Fé e para a civilização, em 1896 o m. reve- rendo padre Carlo da San Martino, superior regular da Missão, comprou em Alto Alegre uma pequena propriedade pertencente aos senhores Rai- mundo de Melo e Manuel José Salomão, e lá se abriu uma casa sob o título se São José da Providência. Os missionários capuchinhos, que já haviam abandonado a própria família, a própria pátria, o próprio convento, agora abandonam todo o mundo civil, para fechar-se naquelas matas e tornar-se companheiros, irmãos e pais dos selvagens. Seu único desejo será o de aí constituir a vinha eleita do Senhor e salvar aquelas almas redimidas pelo Sangue de um Homem-Deus, oferecendo-lhes a luz que Jesus veio trazer à Terra. Para obter este santo fim, não se pouparam fadigas nem suores. Fez- -se tudo o que o homem, ajudado pela graça de Deus, pode fazer em bene- fício do irmão. Abriram-se escolas para meninas, e foram chamadas freiras para sua educação. Estabeleceram-se escolas industriais e agrícolas. Famílias vieram morar nas vizinhanças de Alto Alegre, que logo se fez um centro de religião e de trabalho. Tudo prometia bem, e nada faltava para a sua pros- peridade espiritual e temporal. Depois de cinco anos de fundação, tudo estava transformado. Trabalhadores e famílias de trabalhadores se dividiam e se espalhavam na grande e extensa propriedade, com tal movimentação que davam ao local toda a aparência de um grande estabelecimento agrí- cola. Somente quem é acostumado às impressões de um estabelecimento agrícola e rural, que trabalha em todos os seus diferentes segmentos e com a máxima regularidade e sistematização, pode ter uma verdadeira ideia da alegria e do bom humor que reina nesses locais. O trabalho anima e res- taura as energias, revigora, dá forças, atrai e faz esquecer todas as fantasias da vida mole, torna o homem moral, feliz, enobrece-o. Em Alto Alegre, no meio das matas, sentiam-se todos os impulsos do verdadeiro progresso e estavam destruídas as barreiras da indolência que o selvagem opõe. Era um vaivém contínuo, ninguém ficava parado, todos estavam ocupados. A nota dominante era vida e movimento. No meio daquela mata ouvia-se o bater das bigornas, o ranger dos carros, o canto dos lavradores que trabalhavam e revolviam terrenos. Engenhos, pulverizadores, tudo se movimentava com a força dos bois, tudo dava a ideia de uma grande empresa, iniciada e conti- nuada somente em benefício dos selvagens. Em poucas horas, tudo aquilo
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