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112 Pe. Bartolameo da Monza gunda expedição. A possibilidade de que aquelas pobres desgraçadas ainda estivessem vivas e em poder dos selvagens despertou todo o espírito cristão e cavalheiro dos barra-cordenses, e todos gritavam: “Mil, mil vezes a morte mais cruel e mais dilacerante que escravizar-se aos selvagens!” À distância de três léguas de Barra do Corda, vivia numa aldeia que leva o seu nome do tenente-coronel Tomé Vieira Passos. Ele já havia servido como tenente no corpo político do Estado do Ceará, onde prestara importantes serviços. As autoridades da cidade enviaram-lhe uma comis- são, convidando-o e pedindo-lhe que assumisse o comando absoluto e a direção da segunda expedição, ao mesmo tempo em que outra comissão foi mandada ao Governo, para pedir prontas e decisivas medidas. Se as hordas selvagens caíssem sobre a Barra do Corda, a cidade seria destruída, privada como estava de presídio e munições de guerra. Mas, ao mesmo tempo, os seus cidadãos tomam toda precaução possível. Eles formam um grupo a que dão o nome de Comissão de Defesa Pública, e, todos concordes, tra- balham para melhorar a perigosíssima posição em que a Barra se achava. Naquele ínterim, a notícia do massacre já havia corrido de aldeia a aldeia, sempre crescendo emmagnitude e intensidade. Já não era apenas Alto Alegre que tinha sido destruída e arrasada. Dizia-se que outras populações haviam sido massacradas, ninguém mais se considerava salvo dentro de casa. Famílias inteiras, inteiras populações deixavam os seus lares para irem à Barra do Corda procurar refúgio, abrigo, um ponto de resistência. Pais de família chegavam com pequenos fardos aos ombros, levando em mãos crianças que ainda não podiam enfrentar longas viagens. Mães, levando criancinhas nos braços, descalças e cobertas de pobres trapos, doentes que a custo podiam andar, velhos e velhas, e Barra do Corda devia receber a todos, a todos abri- gar, a tudo prover. A sua população tinha aumentado de tal forma, que os víveres começavam a rarear, e já se iniciava a temer uma carestia e suas con- sequências. A caridade dos cidadãos a todos abria os braços, a todos acolhia, a todos ajudava, mas, não se podia negar que muitos e muitos sofriam, e sofriam duramente. A Intendência Municipal se mostrou digna de si mesma, o convento dos capuchinhos foi aberto para todos, e todos eram socorridos. A caridade operava milagres. Do interior chegavam reforços, armas e munições eram pro- curadas. Estabeleceu-se um serviço de guardas-noturnos. As estradas e as

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