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DOCUMENTI 493 futuras precisoes dos viajantes, e continuar tudo em boa ordem. Veremos o progresso, e, se Deos nos der vida, darei a V.S. as respectivas noticias mais a miudo. Agora he que me seria precisa a immediata presença de V.S., afim de aver concluida esta obra. V.S. bem sabe que em lugares remotos a oligarchia acha o seu lugar, e sobre tudo entre os pobres Indios, que por serem curtos de entendimento, e timidos por natureza, qualquer sombra de autoridade os faz victimas do despotismo. Eu os tenho con– servado até ao presente em paz e socego, e, posso dizer, felizes na sua congenita infelicidade: desejava agora convidar os outros selvagens, reuni-los e estabelece-los solidamente, o que nunca se podera conseguir em quanto houver a mais leve desconfiança. Podera ser que se me faça preciso de recorrer as autoridades superiores, afim de dar providencia no que respeita o socego, a moral, a civilisaçao, e o firme estabelecimento desta povoaçao; mas corno na Bahia nao tenho conhecimento, nao sei se serei attendido no caso de recurso, o que muito de desamina. Qualquer contenda he diametralmente opposta ao meu estado, bem corno em causas justas, hum estupido silencio nao p6de ser parallelo ao meu dever. Por tanto, V.S. que deu principio a esta obra, apesar de estar longe, pode ter toda a influencia em aperfeiçoa-la, abrindo-me o caminho para eu poder ter na Bahia o conhecimento de alguma pessoa de autoridade, a quem possa livremente dirigir-me, quando a prudencia o requeira. Deste favor ficarei a V.S. summamente obrigado, pois delle depende o socego do meu espirito, que, bem longe de algum interesse temporal, nada mais deseja senao a gloria de Deos, o bem do publico, e o socego e salvaçao destes pobres Indios. Deos prospere a V'.S., e lhe conserve saude e vida, da qual tanto precisamos. Sou de V.S., Illm. Sr. Balthazar, venerador e servo o mais amante. Fr. Ludovico de Liorne. S. Pedro de Alcantara, 10 de Fevereiro de 1831. 39. Breve relazione di p. Ludovico da Livorno al canonico Magistral Benigno José de Carvalho e Cunha sulla religione e costutni degli indios Camaciies. (s. d.). Catal. Exp. Historia do Brasil (1881-1882), N° 11.431 (APN, sez. mss., I/32, 12, n. 6). Os selvagens Camacaes, moradores nas matas do districto de Ilheos, a vista dos Astros luminozos do Firmamento reconhecem que ha um ser invisivel, que preside a elles, que governa seus giros, e periodicos movimentos, o qual ser é chamado em lingoa delles G u e g g i ah 6 r a e vem a ser em nosso idioma Ente Supremo. O embrutecido entendimento delles nao lhes da lugar a discorrer e descobrir neste Ente Supremo attributos, que o façam digno de ado– raçao, e disto segue-se que nao se acha entre elles nem culto, nem vestigio de Religiao. Sabem tambem que existe em ver os fenomenos mais sensiveis, ·e este conhecimento se reduz a urna idea confusa, que despida de raciocinio produz no seu inculto espirito hum sentimento material de momentanea admiraçao, e nada mais. - Admettem a im– mortalidade da alma, e imaginao que sendo esta separada do Corpo nao

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