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DOCUMEN'J.'1 48i esteve insepulto quatro dias, pelo grande concurso do povo: de me man– dar com o Visitador, corno Missionario e Convisitador. Fui, e se Visi– tarao trinta e huma Freguezias, e recolhemo-nos no mez de Junho de 1784. Dahi o Exm. Sr. Arcebispo com todos os poderes me tornou a mandar fora, para missionar onde fosse chamado. Principiei a missionar na Freguezia de Piraja, longe duas legoas desta Cidade. Fui indo mis– sionando pelas Freguezias e Capellas, até chegar a Villa do Lagarto, aonde achei a lgreja mui arruinada e perigosa. Em vista disto recusei de fazer missao, porém pelo pedido do Reverendo Vigario Joao da Cruz Conedo e do povo, mandei fortifica-la com espeques, e se fez missa.o; esta acabada me pedirao de se refazer a Igreja, o que aceitei, e fiz huma especie de Sermao sobre isso para affervorar o povo a concorrer no que fosse preciso, corno de facto ficou tao affervorado, que ahi mesmo parte em dinheiro, e parte em promessas se ajuntou quatro mil cruzados. Visto isso, alem da esmola logo tornei as medidas da lgreja, e fui re– partindo tantas duzias de taboados a huns, tantas duzias de caibros a outros, tantos frechaes e linhas a outros, tantas duzias de ripas a outros, e quem tinh carro de vir conduzindo ao pé da Igreja. Agora pois toda a diffi.culdade era da cal, que devia vir da Bahia, que he longe 60 legoas, porque hum Mestre Pedreiro tinha procurado pedra de cal e nao tinha achado. Me resolvi de andar por todas as serras que havia na Freguezia, e achei tantas pedras de cal, que nao s6 bastava.o· para fazer a lgreja, mas cinco Cidades. Aqui escolhi a Serra mais perto chamada Lole, fiz a fornalha, e fiz cal tao boa que nunca se vio nesta terra. D'ahi ajuntei com o povo arèa, saibros, pedra e cal que chegasse de se fazer a nova lgreja mais grande. Isto feito se empreitou a obra, e deixei o Reverendo Vigario, e mais o Sr. Capita.o M6r em meu lugar, e subi para a Villa de Itabaia, aonde achei a Igreja sem Altar M6r, ainda que Freguezia de muitos annos. No fim da Missa.o pedi esmola ao povo, e os esmoleiros acharao que commodamente chegava, offerecendo. hum todo o taboado, e hum Religioso de S. Francisco da Cidade de Sergipe tomou a obra, que em breve tempo se fez. D'aqui fui subindo, e em fim cheguei ao Rio de S. Francisco na Frequezia do Urubu debaixo, onde tinha morido o Reverendo Vigario Collado... . Achando a Freguezia sem Vigario, escrevi ao Exmo. Sr. Arcebispo, que logo mandou o Padre Alexandre por Encommendado. Entertanto fiz Missa.o, porém em que? Em huma estribaria, porque a Igrejinha estava de todo descoberta, toda arruinada, toda suja. Limpei-a no modo pos– sivel, mandei fazer huma grande latada, e no firn da Missa.o fallei da Igreja, e sobre o lugar de nao haver casa nenhuma so do Vigario: entao fui informado que o defunto Vigario nao queria casa nenhuma, e que por isso ninguem ouvia Missa no Dia Santo, e nem o Senhorio da Terra permittia isso. Chamei o Senhorio da Terra e da Igreja, por ser feita dos seus antigos, e dada pois por Matriz. Fallei com elle, e me mostrou muito boa vontade. Pedi-lhe de deixar fazer casas, de concorrer para se refazer a lgreja, exhortei e pedi ao povo o mesmo, e achando todos promptos, determinei logo o Senhorio de ser depositario das esmolas corno mais rico, e tres Procuradores, e logo se principiou com grande fervor a fazer os preparativos. Neste fratempo chegou-me o aviso que tinha morrido o Vigario do Lagarto, e que a obra da Igreja ficava pa– rada. Entao os animei a proseguir, e depois com cartas, que fizerao tudo, que emfim he a Villa mais grande do Rio de S. Francisco. Entao eu 31. - Attività missionaria.
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