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250 FRANCISCO LEITE DE FARIA efeito esta oferta, Dona Luísa de Gusmão mandou sustentá-los, ti– rando esse encargo a Jerónimo Battaglini 8 • No entanto, começando os Capuchinhos a ajuntar paramentos e alfaias de igreja que levariam para o Congo, verificaram como a gente de Lisboa era generosa; as dádivas que receberam ultrapassaram talvez o valor de 1.500 escudos romanos. Com essas dádivas gastou mais de cem desses escudos uma Condessa9, que talvez fosse a que lhes mandou fazer e pagou uma imagem da Senhora da Conceição. Como era de prever, surgiram dificuldades que embaraçavam a partida destes missionários para o Congo. Os Jesuítas portugueses tinham aí uma missão e não veriam de bons olhos que outra Ordem Religiosa fosse para lá missionar. Os Conselheiros de Estado e da Fazenda, que deviam examinar o pedido dos Capuchinhos, queriam saber o lugar de nascimento de cada um deles, para se certificarem de que nenhum era súbdito espanhol. Esta investigação era razoável, pois sabia-se como Filipe IV procurava conservar sob a sua dominação as diversas Províncias do Ultramar português. Assim aconteceu a Ceuta, que nunca mais voltou a ser portuguesa. Aliás, ainda se não sabia se Angola tinha aclamado Dom João IV, o que fez em 26 de Abril 10 , e por outra parte a tendência antiportuguesa do Rei do Congo era bem conhecida. Era razoável, portanto, que se investigasse o lugar do nascimento de cada um destes Capuchinhos; por receio dessa investigação, o Pa– dre Boaventura em 1 de Outubro de 1641, escrevendo ao Secretário da Propaganda Fide, pedia novas patentes para os Religiosos naturais de Nápoles e para o Padre João Francisco de Roma. Na patente que se fizera para este Padre, antes de se saber na Itália a Restauração de Portugal, tinha-se indicado Città Ducale, de Reggio, como lugar do seu nascimento, por o Embaixador espanhol querer que os missionários fossem súbditos do Rei Católico 11 • Sepa– rado Portugal da Espanha e declarada a guerra entre as duas nações, esta indicação falsa escrita na patente ia ser uma dificuldade. Por isso, o Padre Boaventura pedia que na nova patente se declarasse s Assim se diz no relato contemporâneo desta expediçâo, escrito pelo cronista da Província dos Capuchinhos de Roma, conservado no Arq. desta Província, Annali dei/a Província Romana I, 617-624, e publicado em MMA 8, 562-569. Afirmações feitas no texto, sobre esta expedição, sem se indicar em nota a respectiva referência, estão tiradas deste interessan– te e fidedigno relato, cuja cópia, como várias outras, cedemos para ser publicada nas referi– das Monunzenta. H Assim o diz o Padre Boaventura na carta de 1 de Outubro de 1641, conservada no Arq. da Propaganda, SRCG 120, f.329r-330v e publicada em MMA 8, 534-539. 10 MMA 8, 501. 11 Veja-se a carta do Padre Boaventura, de 28 de Dezembro de 1640, conservada no Arq. da Propaganda, SRCG 28, f.184,- e publicada em MMA 8, 468-470, assim como um trecho da Crónica dos Capuchinhos de Roma (ibidem, 471).
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