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UMA CASA DE CAPUCHINHOS ITALIANOS EM LISBOA 249 permitiriam pensar no estabelecimento dos Capuchinhos em Portugal, ainda que para isso se apresentasse oportunidade. I. - UM GRUPO DE CAPUCHINHOS ITALIANOS HOSPEDA-SE NA CASA DO VICE-COLECTOR DA SANTA SÉ. (Abril de 1641 a Fevereiro de 1642) Pelo 17 de Abril de 164!7 chegaram a Lisboa, destinados para o Congo pela Congregação da Propaganda Fide, seis Capuchinhos ita– lianos, chefiados pelo Padre Boaventura de Alessano, da Província de Roma. Eram, além deste Religioso, os Padres João Francisco de Roma, da mesma Província, António de La Torella e Januário de Nola, da de Nápoles, e os Irmãos Fr. António de Lucagnano e Fr. Marcos de Monte dell'Olmo, também da Província de Roma. Foram acolhidos por Jerónimo Battaglini que, depois de ter sido expulso no ano anterior o Colector ou Representante da Santa Sé, exercia o cargo de Vice-Colector e lhes acomodou uns pequenos quar– tos, contíguos à casa em que vivia. Admitidos à presença do Rei Dom João IV e da Rainha Dona Luísa de Gusmão, foram muito bem tratados e ouviram palavras, que lhes deram esperanças de poderem seguir para o Congo. Era de prever que lhes fizessem essa promessa, pois o novo Rei muito dese– java ser reconhecido pelo Papa, a quem tinha enviado como Embai– xador o Bispo de Lamego, Dom Miguel de Portugal, que saíra de Lisboa nesse mesmo mês de Abril a caminho de Roma. Não convinha, portanto, rejeitar logo ao princípio missionários enviados pela Santa Sé, o que poderia prejudicar o desejado reconhecimento da indepen– dência portuguesa. Por outra parte parece que Dom João IV gostou dos Capuchinhos, e mais ainda a Rainha, que várias vezes se entreteve horas seguidas a falar com todos eles, em companhia das suas Damas. Prontificou-se ela a arranjar-lhes alojamento perto do Paço, para os ter mais à mão, ou no mosteiro que escolhessem, mas os Religiosos não julgaram con– veniente deixar os aposentos cedidos pelo Vice-Colector. Não surtindo 7 Na carta, que de Lisboa escreveu aos Cardiais da Propaganda Fidc em 8 de Junho de 1641, o Padre Boaventura disse que a sua viagem demorara quinze dias (Arq. ela Propa– ganda, SRCG 120, f.336r e MMA 8, Lisboa 1960, 503-504). Em declarações feitas na Sicília em 1642, o mesmo Padre afirmou que embarcara em Liorne no terceiro dia ela Páscoa ele 1641, isto é, em 2 ele Abril, e fizera a viagem em quinze dias (Simancas, Estado, maço• 3485, doe. 22, f.lr e MMA 8, 576). Teria, portanto, chegado a Lisboa Já pelo 17 ele Abril. O Vice-Colector Battaglini disse também; em carta ele 5 ele Fevereiro ele 1642, que os Ca-· puchinhos chegaram a Lisboa em Abril (Arq. da Propaganda, SRCG 141, f.184r e MMA 8, 560). O dia exacto indicava-se decerto na carta, ainda não encontrada, em que o Padre· Boaventura anunciava à Propaganda a sua chegada a Lisboa.
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