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UMA CASA DE CAPUCHINHOS ITALIANOS EM LISBOA 247 damente louvaram, e por causa delas, lhes edificaram as citadas Casas de Lisboa, ambas de propriedade e padroado régio. As vezes, por cir– cunstâncias políticas e por serem estrangeiros, tiveram grandes di– ficuldades em enviar Religiosos para essas missões e os franceses foram até obrigados a abandonar a que tinham no Brasil. Apesar disso, não conseguiram vocações portuguesas; parece até que, para as terem, não fizeram tentativas, se exceptuarmos o provável . esforço despendido nesse sentido pelos Capuchinhos franceses, en– quanto viveu a Rainha Dona Maria Francisca Isabel de Sabóia 5 • Qual terá sido o motivo disso? Não terão os Capuchinhos de Lisboa ·sentido a ânsia de se recrutarem no país? Seria porque não apre– sentaram um ideal, que atraísse os fiéis e suscitasse vocações? Tê-las– -ão impedido as lutas pouco caridosas entre Capuchinhos franceses e italianos, primeiro, de 1667 a 1692, e depois entre os próprios Capuchinhos italianos, Genoveses e não Genoveses, de 1749 a 1782? Tê-las-á também impedido o exagerado apego dos Capuchinhos fran– ceses de Lisboa à Província da Bretanha e dos Italianos do Hospício de Santa Apolónia à de Génova, apego exagerado que se manifestou nas lutas referidas? São estas, novamente, perguntas a que não sabemos responder. Parece certo, contudo, que durante aquelas prolongadas, pouco cari– dosas e talvez um pouco escandalosas lutas, os ânimos dos Capuchi– nhos de Lisboa não teriam disposição para pensar no recrutamento de vocações portuguesas. Expostas estas considerações sobre o facto estranho de os Capu– chinhos não terem tido, em tempos passados, Província ou Comissa– riado em Portugal, relatemos as primeiras tentativas, que aliás fra– . cassaram, feitas por missionários italianos dessa Ordem para estabe– lecerem Casa em Lisboa. Nesta cidade, por motivo das missões que tinham ou queriam ter · no Ultramar português, começaram a deter-se com frequência, logo a seguir ao ano de 1640, grupos de Capuchinhos italianos ou franceses. Então tiveram verdadeiramente ânsia de se estabelecerem em Lisboa. O fim em vista, porém, não era difundir a sua Ordem em Portugal, mas possuir apenas Casa, onde pudessem esperar que a burocracia 5 Dizemos provável, por esse esforço ser apenas relatado no memorial, que enviou a · Roma o Padre Paulo de Varazze. Diz-se aí que com o fim de instituirem nova Provinciazinha ou Custódia de Capuchinhos franceses, estes Religiosos, no tempo da citada Rainha trataram muitíssimas vezes de fundar Hospícios no Porto, em Coimbra e em Évora; tendo-se dado conta dessa pretensão, os Reis Dom Afonso VI e Dom Pedro II trataram do caso em • Conselho e, como sempre se tinham recusado a declarar Convento a Casa dos Capuchinhos franceses em Lisboa, assim também lhes não permitiram a multiplicação dos Hospícios •.(Arq. da Propaganda, Africa e Congo, vol. 2, f.435v e as mais referências da nota anterior). Escusado é dizer que destes factos se não encontrou o mais leve aceno nos arquivos por– . tugueses. ,MMP II - 17
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