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246 FRANCISCO LEITE DE FARIA indicar que aí eram leccionados alunos portugueses dessa Ordem; contudo, não sabemos o nome de nenhum deles, se é que realmente existiram. Decerto a Província da Bretanha, a que pertencia a Casa de Lisboa e que mudava frequentemente o local dos Conventos de estudos, dedicou para isso aquela Casa durante alguns anos; assim os sacer– dotes recém-ordenados, que iriam para o Brasil ou ficariam em Lisboa, já estavam familiarizados com o português e podiam co– meçar logo o apostolado. Os Capuchinhos estabelecidos em Lisboa não conseguiram, por– tanto, vocações portuguesas. Os tempos não eram propícios para se recrutarem vocações em um país saturado de Religiosos das Or– dens antigas; contudo, as Congregações introduzidas em Portugal depois de 1640 e exstintas em 1834, ainda que apenas conseguiram :abrir reduzido número de Casas, lograram fazê-las habitar por Reli– giosos portugueses. Assim aconteceu aos Clérigos da Divina Providên– cia ou Caetanos, aos Lazaristas, aos Mínimos de S. Francisco de Paula, aos Mercenários e aos Redentoristas. Os Oratorianos de S. Filipe de Néri, ou Congregados, e os Agosti– nhos Descalços, ainda que tiveram a primeira Casa em Portugal, respectivamente nos anos de 1659 e 1666, conseguiram grande difusão no país, mas tratava-se de Religiosos portugueses desde a sua origem. Os Congregados eram fundação do Venerável Padre Bartolomeu do Quental e só em 1671 se uniram com os que fundara em Roma S. Fi– lipe de Néri; os Agostinhos Descalços sairam do Convento da Graça, em Lisboa, isto é, eram Agostinhos portugueses que se reformaram. As duas Casas de Capuchinhos na Capital portuguesa, porém, fo– ram sempre habitadas por Religiosos estrangeiros. Deu-se o mesmo com os Conventos lisboetas de Dominicanos irlandeses, no Corpo Santo, e de Carmelitas Descalços alemães, na Boa Vista, mas o caso é diferente, já que havia as duas numerosas Províncias portuguesas de Dominicanos e de Carmelitas Descalços, ambas com diversas Casas na própria cidade de Lisboa. Os Capuchinhos, tanto franceses como italianos, tiveram no Ul– tramar português gloriosas missões, que os Reis de Portugal repeti- Livro I dos Registos, f.63r-64r); em 1676, no processo que se fez para o Padre Constantino de Nantes ser Qualificador do Santo Ofício, afirma-se que este Religioso era lente actual de Filosofia (Torre do Tombo, Santo Ofício, Habilitações, maço 2, diligência 20). O mesmo Re– ligioso, no frontispício do sermão impreso, que pronunciou em 1684, na oitava da morte ,da Rainha Dona Maria Francisca Isabel de Sabóia, diz-se Lente habitual de Theologia. Em 1691, em memorial recheado de erros históricos e enviado pelo Padre Paulo de Varazze para Roma, afirma-se que os Capuchinhos franceses, em vida da Rainha Dona Maria Francisca, tiveram na Casa de Lisboa cursos de Filosofia e de Teologia, de que foram profesores os 'Padres Gabriel de Sérent, Paulo de S. Macróbio [Saint-Maio?] e Constantino de Nantes (Arq. -da Propaganda, Africa e Congo, vol. 2, f.436r. Veja-se também E. DE JoNGHE & Th. SrMAR, Archives Congolaises, Bruxelles 1919, 149 e P. HILDEBRAND [DE HooGLEDE], Les Capucins au ..Portugal, Paris 1938, 13-14).

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