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276 FRANCISCO LEITE DE FARIA de Janeiro de 1649, Dom Francisco de Sotomaior, Bispo de Targa e auxiliar de Lisboa, inaugurou a modesta capela que aí se acomodou, celebrando nela a Santa Missa 95 • Até 1650 nenhum outro Capuchinho italiano passou por Lisboa, pois os missionários destinados para o Congo iam pela Espanha. Em Abril de 1650 esteve pouco tempo na Capital portuguesa o Padre Boa– ventura de Sorrento, que vinha do Congo com as melhores recomen– dações do Governador Salvador Correia e da Câmara de Luanda, para obter de Dom João IV benevolência e protecçâo para os Capuchinhos de Angola; o Rei prometeu-lha, com a condição de que os missionários não fossem súbditos da Espanha e viessem embarcar a Lisboa. O Padre cuidou-se bem de não manifestar que ele próprio era súbdito espanhol, pois nascera no Reino de Nápoles, e seguiu logo para Roma 96 • Aí convenceu a Propaganda Fide a enviar por Lisboa dois missionários destinados a Angola, os Padres Francisco Maria de Seio, da Província de Génova, e Marcelo de Paliano, da de Roma. Como o prometera, Dom João IV veu-lhes logo licença, em 12 de Novembro de 1650, de irem para Angola 97 e os dois missionários, pouco depois, para lá embarcaram. Estes três Religiosos não podiam pensar em estabelecer casa em Lisboa, pois já aí a tinham os Capuchinhos franceses. Nela se hospe– daram estes três italianos, assim como lá por Setembro de 1648 o teriam feito os Capuchinhos belgas, entre eles o futuro mártir Jorge de Geel, que se dirigiam a Sevilha, a fin de aí embarcarem para o Congo 98 • Nessa mesma Casa continuaram a hospedar-se dezenas de Capuchinhos italianos, que se dirigiam para Angola e posteriormente também para S. Tomé, até que em 1691 o Padre Paulo de Varazze, da Província de Génova, fundou Hospício próprio para os Religiosos seus compatriotas. Assim se estabeleceu em casa alugada junto ao Mosteiro de (Annaes do Rio ele Janeiro VII, Rio de Janeiro 1835, 350) e P. Hildebrancl (Les Capucins au Portugal, Paris 1938, 11). H5 George CARDOSO, ob. cit., 667. Dom Francisco ele Sotomaior foi, de 1658 a 1668, o único Bispo em todo o Portugal, continental e ultramarino. "" G.A. Cavazzi da Montecuccoli (ob. cit., 462-463) diz que o Padre Boaventura chegou a Lisboa em 30 de Março. Em 21 de Abril já estava em Génova, pois daí escreveu aos Capuchinhos, que esperavam em Cádis o momento ele embarcarem para o Congo, urna carta que se conserva em Simancas, Estado, maço 2670. n7 Esla licença lê-se no Arq. Histórico Ultramarino, cód. 92, f.157v e foi publicada. pelo Visconde de PAlVA MANSO, Historia do Congo, Lisboa 1877, 227-228. HS George Cardoso (ob. cit., 663 e 668) diz que o Padre Jorge ele Geei pasou por Lisboa e que a sua morte foi logo comunicada ao Superior do Hospício dos Capuchinhos dessa cidade, assim corno ao Padre Miguel Angelo [ele Saint-Maio]. Por causa ela guerra entre Portugal e a Espanha, os Capuchinhos belgas teriam seguido ele barco até à França ou Itália, donde voltariam para trás, a fim de desen1barcarem na Andaluzia.
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