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UMA CASA DE CAPUCHINHOS ITALIANOS EM LISBOA 275 e não os deixar partir ou fazê-los voltar para trás, além de ser difícil, acarretaria consequências desagradáveis. Talvez o Padre Boaventura de Taggia, que de Lisboa várias vezes avisara que se não enviassem para o Congo missionários súbditos da Espanha, procurou que aquela expedição se não fizesse; certo é que Fr. Pedro de Dulcedo, escrevendo de Viterbo à Propaganda Fide em 16 de Agosto de 1647, dizia que o Padre Boaventura devia continuar em Roma, apesar de o ter mandado para Génova o Procurador Geral dos Capuchinhos 91 , que era então o Padre Simpliciano de Milão, súbdito espanhol. Poucos meses depois de terem saído de Lisboa estes Religiosos genoveses, chegou a essa cidade, vindo do Brasil onde era missioná– rio, o Padre Cirilo de Mayenne, Capuchinho francês da Província da Bretanha. Também contra este Religioso e contra os seus confrades, que missionavam em Pernambuco, havia justificadas desconfianças, mas como no ano anterior Luís XIV tinha escrito ao Rei de Portugal a pedir o estabelecimento de uma Casa de Capuchinhos franceses em Lisboa 92 , Dom João IV deu para isso licença em documento, assinado pelo Secretário de Estado Pedro Vieira da Silva e datado de 11 de Agosto de 1647 93 • De volta da França e acompanhado pelo Padre Mi– guel Ângelo de Saint-Maio, o Padre Cirilo procurava no ano seguinte local para o Convento; ofereceram-lho, junto ao Palácio dos Duques de Aveiro, no bairro da Esperança, a viúva Duquesa de Torres Novas, Dona Ana Henriques de Cardenas, e os seus filhos, ainda menores, Dom Raimundo, já então Duque de Aveiro, e Dona Maria de Gua– dalupe, que durante muitos anos após a morte do irmão seria Duquesa de Aveiro. A 25 de Agosto de 1648 tomou-se posse desse local 94 e, a 6 Fr. Francisco de Licodia, da Província de Siracusa e súbdito da Espanha. Destes catorze missionários partidos para o Congo, sete pertenciam, portanto, a Províncias espanholas, três ,eram súbditos da Espanha e os outros cinco, italianos de Estados independentes. 01 Esta carta está no Arq. da Propaganda, SRCG 247, f.130r-v. 02 Paris, Arch. du Ministere dcs Affaircs Etrangcres, Correspondance de Portugal, vol. 2, f.459r, em carta do Embaixador Lanier para o Cardial Mazarino, de Lisboa a 10 de Agosto de 1647; afirma-se aí que Dom João IV dera licença para se fundar a Casa dos Capuchinhos franceses, como o Rei da França o tinha pedido em carta que o próprio Lanier trouxera de Paris o ano anterior. Esta carta ainda não foi encontrada. 93 APOLINARIO DA CoNCEYÇÃO, Claustro franciscano, Lisboa 1740, 92 diz que viu este docu– mento régio no Hospício dos Capuchinhos franceses de Lisboa e pena é que o não tenha ·transcrito, pois não foi registado na Chancelaria Régia. Antonio Carvalho da Costa (Corogra[la pórtugueza III, Lisboa 1712, 518) e Fr. Agostinho de Santa Maria (Santuario mariano VII, Lisboa 1721, 87) indicam também a mesma data para a licença regia. 94 Assim o dizem Apolinario da Conceyção (ob. cit., 92), Balthazar da Silva Lisboa

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