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274 FRANCISCO LEITE DE FARIA conduzira do Brasil para Angola o Padre Boaventura com os compa-– nheiros. Como tudo tinha perdido e se encontrava :ria miséria, apre– sentou requerimento a pedir um subsídio para se vestir e ir para a. sua terra; o Padre Boaventura de bom grado se prontificou a teste– munhar a verdade do que afirmava o pobre homen, a quem em 26 de Abril mandaram dar cinquenta cruzados 87 • No entanto os dois Capuchinhos continuavam hospedados na casa onde vivera o Vice-Colector Battaglini; a Dom Vicente Mobili, que com eles se encontrava, Dom João IV mandou entregar pelo Conselho da Fazenda, em 1 e 22 de Março e em 8 de Abril, as quantias de 6 $ 094, 2 $ 925 e 7 $ 560, respectivamente, para o reembolsar das despesas feitas cõ os dous Capuchos q. assistem em sua caza 88 • Pouco depois da última das datas indicadas, os três Capuchinhos seguiram para a Itália; passaram por Toulon, desembarcaram em Civi– tavécchia e em 18 de Maio chegaram a Roma, onde o Papa os recebeu carinhosamente 89 • Não sabemos a razão exacta que os fez sair de Lis-– boa; se então a Santa Sé tivesse decidido confirmar o Bispo, nomeado para Angola por Dom João IV, e se comprometesse a não enviar para lá missionários espanhóis ou súbditos da Espanha, bem pode ser que estes Capuchinhos genoveses, voltando logo para Portugal, conse– guissem aí estabelecer a primeira casa da sua Ordem. Isso, porém, não aconteceu, porque era difícil que a Santa Sé mudasse de atitude. A influência da Espanha era muito grande em Roma, onde, por outra parte, talvez ninguém previsse que Portugal sairia vitorioso da guerra em que, para readquirir a independência, se tinha metido. Aliás, já em 17 de Julho de 1646 a Propaganda Fide tinha nomeado catorze missionários para o Congo, dos quais seis pertenciam a Províncias espanholas e dos outros, dois eram súb– ditos da Espanha 90 ; nesta nação já se encontravam todos, decerto, 87 O requerimento de Manuel Lopes, o atestado do Padre Boaventura, a consulta que sobre isso fez o Conselho Ultramarino e a decisão de Dom João IV encontram-se no Arq. Histórico Ultramarino, Papéis avulsos, Baía, 2 de Março de 1647. 88 Torre do Tombo, Ministério do Reino, livro 163, f.219v e 220v. 89 G.A. CAvAzzr DE MONTEcuccou, ob. cit., 370. "º Arq. da Propaganda, SRCG 247, f.139r-140v em documentos publicados em MMA 9, 433- 436 e 442-443. Dos seis Religiosos de Províncias espanholas dois eram da de Aragão, o Padre Boaventura de Corella e Fr. Félix de Villar, outros dois da de Castela, os Padres Francisco de Veas e José de Pernambuco, este português, um da de Valência, o Padre António de Teruel, e outro da de Andaluzia, o Padre Luís António de Málaga. Entre os oito italianos havia os Padres Francisco de Cilcnto, da Província da Basilicata, e Jcr6nimo de Montesar– chio, da de Nápoles, ambos súbditos da Espanha; os outros seis, de Estados independentes, dois eram da Toscana, outros tantos de Bolonha, um das Marcas e outro de Roma. Os três Padres, de Andaluzia, de Roma e Francisco de Cilento, não partiram e em seu lugar– nomearam-se os Padres Carlos de Génova, Gabriel de Valência e Luís de Temei, estes dois da Província de Valência. O último faleceu antes de embarcar e na sua vez foi o Irmão

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