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272 FRANCISCO LEITE DE FARIA de Abril. A 23 de Junho seguiram para a Holanda, onde já se encon– travam em princípios de Setembro. Na travessia do Atlântico, por al– tura dos Açores e a 14 de Agosto, tinha falecido o Padre Salvador de Génova. O Padre Francisco Maria de Ventimiglia, depois de desem– barcar muito fraco, foi apanhado pela roda do carro, de que descia e que se pusera logo a andar, e ficou com uma perna esmagada; o Padre Boaventura enviou-o a Ruão para se curar e a 9 de Outubro participou ao Secretário da Propaganda Fide que estava prestes a partir para Lisboa 80 • Um mês depois, em 9 de Novembro, chegou à Capital portuguesa, acompanhado por Fr. Pedro de Dulcedo. Logo após ter desembarcado, ainda vestido à secular como tivera de vir da Holanda, foi visitar uma senhora que muito o tinha ajudado na sua anterior estadia, soube aí que, decerto, o iam prender, tão graves eram as acusações que se ouviam contra os Capuchinhos, por favorecerem no Congo a causa da Espanha. A seguir foi ter com o Marquês Mordomo mor, que era Dom Manrique da Silva, e com o Secretário Vieira da Silva, perante os quais procurou justificar-se. Dois dias depois, o Padre foi recebido pelo Rei e pela Rainha, que tendo-o ouvido, se condoeram com o que lhe acontecera e mandaram-lhe que de tudo fizesse uma relação por escrito 81 • Apresentou-a pouco depois 82 e com tudo isto mais certo ficou de que não fora inútil a sua vinda a Lisboa. A 20 de Novembro os dois Capuchinhos perderam a valiosa protec– ção do Vice-Colector Jerónimo Battaglini, em cuja casa decerto esta– vam hospedados. Nesse dia Dom João IV mandou-o chamar, falou-lhe desabridamente sobre a necessidade de se aprovarem quanto antes os Bispos nomeados e ordenou-lhe que fosse imediatamente para Roma, a fim de tratar desse caso. Diz-se que nem sequer o deixou voltar a casa, para preparar as malas, mas do Paço o fez seguir para um barco, que estava prestes a levantar ferro 83 • Pensava o Rei con- so Esta carta está no Arq. da Propaganda, SRCG 94, f.313v e foi publicada em MMA 9, 463-465. Sobre a fracassada viagem destes missionários até Angola veja-se o que escrevemos em Os Barbadinhos franceses e a Restauração pernambucana, Coimbra 1954, 17-19; P. HILDE– BRAND, ob. cit., 92-97; G.A. CAVAZZI DA MONTECUCCOLI, ob. cit., 348-370. 81 Veja-se a carta do Padre Boaventura, escrita de Lisboa em 16 de Novembro de 1646, conservada no Arq. da Propaganda, SRCG 97, f.157r-158v e publicada em MMA 9, 467-469. 82 Esta relação é decerto a que se encontra no Arq. Histórico Ultramarino, Papéis .avulsos, Angola, 21 de Julho de 1664. Como não está datada e se acha fora cio lugar, escapou ao compilador das ivlonwncnta Nlissionaria Africana, que a n5o incluiu entre os documentos de 1646. 83 Sobre a inesperada despedida de Battaglini vejam-se as cartas de Lanier, Embaixador da França em Lisboa, de 20 e 29 de Novembro ele 1646 (Paris, Arch. du Ministére eles Affai– res Etrangeres, Correspondance ele Portugal, vol. 2, f.355r-v e 359r-360r), a breve relação con– servada na Bib. Nacional de Madrid, ms. 8187, f.78r-v, Theophrate RENAVDOT, Recuei! des
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