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UMA CASA DE CAPUCHINHOS ITALIANOS EM LISBOA 245 Os Capuchinhos espanhóis, porém, nem sequer parece terem então pensado expandir-se por Portugal; não se conhece, ao menos, nenhuma tentativa feita por eles neste sentido, durante o tempo da dominação espanhola que acabou em 1640. Teria sido por não sentirem ânsia de se expandirem? Seria por– que os poucos Portugueses, que então se tinham feito Capuchinhos na Espanha, não tiveram vontade ou possibilidade de convencerem os Superiores a tentar a expansão no país vizinho, governado, aliás, pelo mesmo Rei? Teria havido, para impedir a introdução de novos Religiosos, qualquer decisão do Conselho de Portugal em Madrid, que era o que hoje chamaríamos Ministério de Assuntos Portugueses junto do monarca espanhol, ou de algum dos Conselhos estabelecidos em Lisboa, onde, com a aprovação do Rei da Espanha, obtida pelo Conselho de Portugal em Madrid, governavam o país? São estas, perguntas a que não sabemos responder. Os documen– tos até agora encontrados não insinuam a resposta que se lhes pode– ria dar. Como quer que seja, permanece o facto de os Capuchinhos espanhóis, nas primeiras décadas do século XVII, se terem estendido da Cataluhna para Aragão, Navarra, Valência, Castela e Andaluzia, sem terem penetrado em Portugal. Também o não fizeram na Galiza, nas Astúrias e nas mais regiões ribeirinhas do Mar Cantábrico, por– que para isso se lhes não apresentou oportunidade. Decerto foi essa também a razão de se não terem introduzido em Portugal. Capuchinhos franceses e italianos, depois de 1640, conseguiram ter Casa em Lisboa; a dos franceses começou a ser habitada em 1648 e em 1691 teve princípio a dos italianos. Foram essas as únicas Casas dos Capuchinhos em Portugal e, caso estranho, foram sempre habita– das por estrangeiros. Só se tem conhecimento de um Capuchinho português, que viveu em uma dessas Casas. Foi o clérigo Fr. Francisco Maria de Guimarães, que depois de ter vestido o hábito de Capucho no Convento de Santo António, junto ao Campo de Santa Ana, em Lisboa, fez o noviciado no Hospício dos Capuchinos italianos, esteve preso por ordem do Marquês de Pombal, de 1756 a 1777, e ainda vivia em 1782, com a idade de oitenta e um anos 3 • Na Casa dos Capuchinhos franceses houve Religiosos que se inti– tularam lentes actuais de Filosofia ou de Teologia 1 , · o que pareceria s Arq. Vaticano, Nunziatura di Portogallo, vol. 111, f.308r-311r, em carta do Núncio de Lisboa, de 31 de Agosto de 1756, e vol. 122A, de ff. não numeradas, em cartas do Encarre– gado de Negócios da Santa Sé em Lisboa, de 29 Janeiro e 5 de Fevereiro de 1782; Torre do Tombo, Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, Processo 8126. _Fr. Francisco Maria nunca chegou a ser sacerdote, porque, quando estava para o ser, foi preso e, quando saiu da cadeia, ainda que se tratou de ordená-lo, tinha decerto idade avançada demais para o ser. 1 No documento, em que se concedia o padroado régio à Casa elos Capuchinhos fran– ceses de Lisboa, datado de 14 de Maio de 1664, assinou o Padre Vítor da Trindade [de la Trinité], mestre em theologia 1w mesmo ospicio (Torre do Tombo, Gavetas, 19, maço 3, n° 37 e

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