BCCCAP00000000000000000000851
270 FRANCISCO LEITE DE FARIA representante da França e deixou seguir os Capuchinhos para a Provença. O mesmo representante em 12 de Julho, falando com Dom Francisco de Faro, Conde de Odemira, e com o Secretário Vieira da Silva sobre a expulsão destes Religiosos, soube ter sido ela moti– vada pelo facto de terem ido para Angola dois Capuchinhos espa– nhóis, o Padre Francisco de Pamplona nomeado Bispo e Fr. Tibúrcio de Redin 73 • O diplomata francês não teria percebido bem ou já se tinha embrulhado muito o boato, que sem dúvida foi a principal cau– sa da expulsão destes Religiosos 74 • Em 14 de Julho deixaram eles a ermida da Piedade e embarcaram em um dos navios da esquadra portuguesa, que se dirigia à Provença; tiveram a companhia do viajante francês Monconys e, tendo desem– barcado na França em meados ou fins de Agosto 75 , já se encontravam em Roma a 8 de Dezembro 76 • O Padre Pedro de Piviers, Capuchinho francês a que atrás nos referimos, tendo sabido que estavam em Lisboa confrades italianos para passarem à índia, prontificava-se em 6 de Julho a arranjar-lhes passaporte do Rei da França, e conseguiu-lho logo no dia 23 77 ; era já tarde e, ainda que o não fosse, muito provàvelmente esse passa– porte de nada lhes valeria perante as autoridades portuguesas, tão ofendidas se sentiam elas pela notícia, que julgavam verdadeira, de ter a Santa Sé enviado um Bispo espanhol para o Congo. Como se viu, os cinco Capuchinhos italianos desta expedição, depois de terem estado três meses em Lisboa, na ermida da Piedade, em nada contribuin1m, nem tinham essa finalidade em vista, para que a sua Ordem se estabelecesse em Portugal. Ainda que o tivessem tentado, pelo que fica exposto vê-se que o não teriam conseguido. 73 Paris, Arch. du Ministere des Affaires Etrangeres, Con·espondance de Portugal, vol. 2, f.315v-316r, em relatório datado de 14 de Julho de 1646. Nem vale a pena lembrar que Ti– búrcio de Redin era o nome secular de Fr. Francisco de Pamplona, Irmão Leigo Capuchinho. 74 P. Salvatore da Sasso Marconi, O.F.M.Cap., La Província Cappuccina di Bologna e la Cronaca dei suoi Provinciali I, Budrio 1946, 190-191) diz que estes Religiosos foram rejeitados por Portugal, que « nos missionários via simpatizantes da Espanha, sua émula na conquista de territórios coloniais nas paragens da índia, nem é de excluir que niso se metesse a lunga manus da Inglaterra, que aspirava também a conquistas na índia e atiçava discórdias entre aquelas duas nações católicas ». É escusado dizer que estas considerações não tem nenhuma base real. Igualmente a não tem a afirmação do mesmo autor, ao dizer que o Padre Próspero de Réggio era o Prefeito desta expedição, ainda que o Padre Pellegrino da Forli o insinue nos seus Annali. 75 Journal des Voyages de Monsieur Monconys publié par le Sieur de Liergues, son fils I, Lyon 1665, 79. Veja-se também no Arq. da Propaganda, SRCG 144, f.278r a carta escrita de Avinhão pelo Padre Gregório de Ásti em 17 de Setembro de 1646. 76 Assim o diz o Jesuíta Padre Nuno da Cunha em carta, escrita de Roma em 8 de·, Dezembro de 1646 e conservada no Arq. da Casa Tarouca, em Lisboa. ,7 Arq. da Propaganda, SRCG 93, f.23r-v e vol. í45, f.125r, 126r e l66r.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDA3MTIz