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UMA CASA DE CAPUCHINHOS ITALIANOS EM LISBOA 269 Roma, em cartas de 8 e 9 de Julho de 1646, o Vice-Colector Battaglini, que ajuntava ter-se esforçado em vão por obter a revogação dessa ordem 71 • Nesse mesmo dia 9 de Julho os membros do Conselho de Estado, ao entrarem para uma das suas reuniões, encontraram os Capuchinhos que lhes falaram e, decerto, pediram para se revogar a ordem que tinham recebido. No Conselho tratou-se do caso. Dom Francisco Mas– carenhas com o Bispo de Elvas e Inquisidor mor, Dom Francisco de Castro, foram de parecer que .se não devia conceder a estes Religiosos licença de irem para o Ultramar, por o proibirem as leis antigas do Reino. O Conde de Alegrete, Matias de Albuquerque, o Conde da Vi– digueira Dom Vasco Luís da Gama, o Conde de Santa Cruz Dom Martinho Mascarenhas, o Marquês de Aguiar Dom Afonso de Por– tugal e o Marquês de Gouveia Dom Manrique da Silva disseram que o Rei « por seruiço de Deos e por descargo de sua conciencia deuia conceder a estes Rellegiosos a licença que pedião, posto que a passagem de estrangeiros as Conquistas fosse prohibida pellas Leys do Reyno, esta resão não tinha hoye [sic] lugar, por ser ja muito vulgar a noticia dellas em toda a parte e que naquelle tempo mostraua a experiencia que nos Rellegiosos estrangeiros hauia mais cubiça que nos naturais, e agora se experimentaua o contrario, e que quando Sua Magestade não fosse semido conformarse com este pareser [sic], deuia pello menos deixar hir hum a Roma, como se offerecia, a fallar nas mais [sic] do Reyno, ficando nelle os outros, e quando tiuessem nos re– querimentos bom successo, lhe faria Sua Magestade merçe de os deixar passar a India, e quando o não tiuessem, antão se hirião, e que pello menos deuia Sua Magestade, quando nem disto seja seruido, deixallos hir por França ou por Catalunha, como pretendião, para que de todo não fossem desconsolados do Reyno ». Dom João IV, que já tinha dito a estes Religiosos para se irem embora, perseverou nessa decisão, mas aceitou a última parte do alvitre da maioria do Conselho de Estado, permitindo-lhes que fossem pela França 72 • Para isto também contribuiu o representante francês em Lisboa, a quem o Padre Gregório de Asti fora pedir ajuda. Fez-lhe ver o Padre que tinha no passaporte a recomendação do Cardial d'Este, favorável à França e, por conseguinte, também a Portugal; o representante francês comunicou isso ao Secretário Vieira da Silva, que a sua vez o participou ao Rei, e este agradeceu a informação ao 71 Estas cartas estão, respectivamente, no Arq. Vaticano, Nunziatura di Portogallo, vol. 42A, f.213v e Arq. da Propaganda, SRCG 110, f.168r. 72 Muge, Arq. Cadaval, ms. K-VIII-6b (ant. 1081), f.l85r. Neste ms. conserva-se apenas o ,resumo, e não os originais ou cópias de consultas do Conselho de Estado,
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