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264 FRANCISCO LEITE DE FARIA Nas últimas décadas do século XVII, Capuchinhos italianos que passavam por Lisboa a caminho, ou de volta, das suas missões na Africa, quereriam tirar aos confrades franceses a Casa, que estes possuíam na Capital portuguesa; ao menos escreveram que essa Casa devia pertencer-lhes, porque lha tinham dado antes que a ou– tros quaisquer. Assim o Padre Paulo Francisco de Porto Maurício, em memorial enviado à Propaganda Fide, escreveu que a Rainha Dona Catarina (sic!) concedeu licença aos Capuchinhos italianos para fundarem Hospício em Lisboa, antes que a desse aos franceses, e que o terreno do Convento destes últimos Religiosos tinha sido doado pela Duquesa de Aveiro ao Padre Boaventura de Taggia, que aí viveu durante nove meses 59 • O que atrás fica dito é mais do que suficiente para deitar por terra o que se atreveu a escrever à Santa Sé o referido Religioso. Repare-se que a única Rainha portuguesa chamada Catarina foi a mulher de Dom João III, morta em 1578; decerto o Padre Paulo Fran– cisco queria dizer Luísa, isto é, a Rainha Dona Luísa de Gusmão, e escreveu Catarina, que era o nome da sua filha Dona Catarina de Bragança, que tinha sido Rainha da Inglaterra e então vivia em Portugal. Em 1691 o Padre Paulo de Varazze, Procurador dos missionários Capuchinhos italianos em Lisboa, enviou à Propaganda Fide um lon– go arrazoado para refutar certas queixas, apresentadas pelos seus confrades franceses ao Capítulo Geral da Ordem celebrado em Roma em 1685. Segundo esse arrazoado, o Leigo Capuchinho Fr. Francisco de Pamplona pediu ao Duque de Aveiro, de quem era muito amigo, e dele obteve uma igrejinha, situada perto do seu Palácio em Lisboa, com suficiente terreno para aí se construir uma modesta habitação, que servisse aos Capuchinhos italianos destinados para a missão de Angola, missão que começara em 1621; nesse Hospício morreram e nessa igrejinha foram enterrados alguns Religiosos italianos, como o Padre Roque de Génova. Antes de terem esse Hospício, os Capuchi– nhos italianos hospedavam-se nos subúrbios de Lisboa, perto do Tejo, em Santo Amaro, como diz Cavazzi. Sobreveio, porém, em 1638 e 1639 a guerra de Portugal com a Espanha, por motivo da aclamação de Dom João IV, e isso vedou provisoriamente aos missionários ita– lianos o trânsito por Lisboa. Aconteceu então que vieram a Portugal Capuchinhos franceses como capelães dos soldados seus compatriotas, que ajudavam os Portugueses, e como durante o inverno a tropa nâo Agostinhos, veja-se Augusto VIEIRA DA SILVA, Ermida de Santo Amaro em Lisboa, na Revista' ele Arqveologia 2(1934-1936) 75-79 e Luís MOITA, A Ermida ele Santo Amaro, Lisboa 1938. õD Arq. da Propaganda, A/rica e Congo, vol. 3, f.404r.
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