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UMA CASA DE CAPUCI-i:INHOS ITALIANOS EM LISBOA 263 Dias depois, entre o 20 e 22 de Junho 55 , o pequeno barco que os levaria até à Baía seguiu viagem e, apesar da promessa de Dom João IV, nunca mais os Capuchinhos se hospedaram na linda ermida de 'Santo Amaro, sobranceira ao Tejo e ao lugar da Junqueira, que lhe fica levemente à esquerda, para os lados de Belém. Assim, quando meses depois chegou a Lisboa outro grupo de Capuchinhos italianos, o seu Superior escreveu que ia pedir ao Rei, para nela se instalarem, uma ermida diferente da que abrigara o Padre Boaventura de Taggia 56 • Porquê diferente? Talvez por causa da advertência, atrás referida, da Mesa de Consciência e Ordens. Nos últimos anos da sua vida, a Rainha Mãe Dona Luísa de Gusmão confessava-se com o Agostinho Fr. Manuel da Conceição, que muito desejava instituir em Portugal a Reforma da sua Ordem. A Rai– nha tinha grande vontade de fazer um Convento a esses frades refor– mados e, por isso, o Rei seu filho, por alvará de 25 de Janeiro de 1666, deu licença para que na ermida de Santo Amaro se fundasse uma Casa de Agostinhos Descalços. Fr. Manuel ouvira dizer que o terreno dessa ermida pertencia à Câmara e, por isso, o Secretário de Estado António de Sousa de Macedo, em 10 de Fevereiro de 1666, transmitiu ao Presidente do Senado da Câmara a ordem do Rei para se pôr requerimento sobre esse assunto. Fr. Manuel apresentou-o e a Câ– mara, no seguinte 16 de Fevereiro, respondeu que cedia ao Superior dos Agostinhos Descalços em Portugal toda a jurisdição e domínio que pudesse ter naquela ermida 57 • Estes Religiosos, porém, não construiram ali Convento. Fizeram-no para os lados de Xabregas, no lugar do Grilo, perto da casa onde a Rainha Mãe passou o fim da vida, e por isso os Agostinhos Descalços foram popularmente conhe– cidos em Portugal com o nome de frades grilos. A ermida de Santo Amaro não foi entregue, portanto, nem aos Capuchinhos nem aos Agostinhos Descalços, e sem ter Religiosos que .a servissem, continuou até aos nossos dias, muito venerada pelo povo e pelos próprios Reis, que a visitaram alguns anos, no dia 15 de Janeiro em que se celebra a festa do seu Padroeiro 58 • 55 Fr. Pedro de Dulcedo, na sua relação não muito exacta, diz que a partida foi em :23 de Junho (Arq. da Propaganda, SRCG 247, f.132v); o Padre Boaventura, em carta escrita da Baía em 5 de Agosto de 1645 ao Secretário da Propaganda, afirma que chegou aquele porto do Brasil em 2 de Agosto, depois de 42 dias de viagem (Arq. da Propaganda, SRCG 110, f.199r e MMA 9, 345-346). Saiu, portanto, de Lisboa entre o 20 o 22 de Junho, conforme se contem ou não se contem os dias da partida e da chegada. 56 Veja-se a carta do Padre Zacarias de Finale, que vamos citar na nota 65. 57 Estes quatro documentos foram publicados por Eduardo FREIRE DE OLIVEIRA, Elementos para a Historia .do Município de Lisboa VI, Lisboa 1893, 577-578. 58 Sobre a ermida de Santo Amaro, sem nenhuma referência aos Capuchinhos e aos .MMP II - 18
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