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262 FRANCISCO LEITE DE FARIA nários 49 , e que, se quisessem a seu tempo ter um Convento em An– gola, poderiam construí-lo. Tudo isto foi referido ao Secretário da Propaganda Fide, em carta de 15 de Maio 50 , pelo Padre Boaventura, que em post-scriptum, datado de 18 de Maio, ajuntou que o Bispo nomeado para Angola e guardião de Santo António dos Capuchos tinha ido falar desabrida– mente com Dona Luísa de Gusmão, repreendendo-a por ter patroci– nado os Capuchinhos. Se este Bispo Eleito, acrescentava o bom do frade, assim se enfurecia com a Rainha, o que é que não faria com os Capuchinhos, se chegasse a ser confirmado, quod non creditur? 51 • Não se enganava o Padre Boaventura, pois Fr. Cristóvão de Lisboa não foi confirmado pela Santa Sé. Sobre este Capucho lembremos que no Maranhão travara lutas com os Jesuítas, durante as quais teve ocasião de chamar santos aos Capuchinhos franceses que, anos atrás, tinham estado naquela região 52 • Quadrava, portanto, com o seu feitio quezilento a animosidade, que agora mostrava para com os Capu– chinhos, e não deveria ser atribuída a antipatia, encontradiça nos seus confrades, contra esta austera Reforma da Ordem Franciscana. Podia também sentir-se melindrado por ver despachados estes missio– nários, sem primeiro ser confirmado pela Santa Sé para o cargo de Bispo, pois como a outros acontece, deliciava-se talvez com esta honraria, que julgava iminente. A 15 de Junho o Padre Boaventura foi despedir-se de Dom João IV, que já os tinha provisto abundantemente para a viagem e nova– mente o tratou muito bem, ainda que acabava de saber o atentado perpetrado em Roma, à saída duma das Igrejas da Piazza del Popolo:_ no passado 2 de Abril, contra o Agente de Portugal, o Doutor Nicolau Monteiro. A 16 de Junho o Padre Boaventura recebeu mais provi– mentos, que lhe enviava o Vice-Colector, escreveu ao Secretário da Propaganda Fide a contar tudo isto 53 e ne manhã do dia 18 embarcou -com os companheiros· 54 • 4>J « Mi fece poi dire S. Maestà per il suo Secretario di Stato Petro Uiera de Sylua -che si havessimo da seruire di S. Amaro (luogo doue di presente habitamo) per riceto de Missionarij nostri )>. 50 Esta carta está no Arq. da Propaganda, SRCG 143, f.225r-v e 228r-v e foi publicada -em MMA 9, 246-248. 51 Esta ajunta à carta precedente está no Arq. da Propaganda, SRCG 143, f.230r-v e foi publicada cm MMA 9, 248-249. 52 Veja-se o nosso estudo Os primeiros Missionários do Maranhão, Lisboa 1961, 83. 53 Esta carta está no Arq. da Propaganda, SRCG 143, f.224r-v e foi publicada em MMA 9, 314-315. "" Assim o diz o Vice-Colector em carta de 19 de Junho de 1645, conservada no Arq. .,da Propaganda, SRCG 143, f.237r e 249v, e publicada em MMA 9, 316-317.

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