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244 FRANCISCO LEITE DE FARIA Para os anos de 1640 a 1668, nos quais se arrastou uma prolonga– da guerra entre as duas nações, esse motivo é valável. Talvez também o seria para a época posterior, em que a animosidade de Portugueses e Espanhóis pouco parece ter abrandado. Nessa época, contudo, os Capuchinhos franceses já tinham casa em Lisboa e em 1691 abriu-se aí outra para os Capuchinhos italianos. A estes Religiosos, franceses ou italianos, incumbia, portanto, difundir a Ordem em Portugal e os Espanhóis, se quisessem entrar, encontrariam muitas dificuldades nos confrades de nacionalidade diferente. Antes da Restauração de 1640, porém, parece que a introdução de Capuchinhos, vindos da Espanha, poderia ter vingado. No século XVI a animosidade entre Portugueses e Espanhóis não deve ter sido grande. Então os Reis de Portugal casaram-se sucessivamente com Princesas da Espanha, na Corte de Lisboa, por via disso, os Espanhóis eram numerosos e quase todos os grandes poetas portugueses da– quela época escreveram também em castelhano. Parece que o esplen– dor da Corte dos Reis Católicos, do Imperador Carlos V e de Filipe II estonteav.a o pequeno Portugal; fazia-o ao menos com a camada su– perior da sua sociedade. Foi nesse século, que, vindos da Espanha, os Jesuítas, os Carmelitas Descalços e alguns Franciscanos Reformados, dos que em Portugal se chamaram Capuchos, se propagaram rápida e extraordinàriamente por terras portuguesas. É verdade que os Capuchinhos espanhóis só poderiam ter entrado em Portugal nos princípios do século XVII. Então, ou mais precisa– mente de 1580 a 1640, as duas nações estiveram unidas, tendo o mesmo Rei a governá-las. Este facto não era, decerto, um impedimento para a introdução de Capuchinhos espanhóis. Contudo, precisamente nessa época, o sentimento do povo portu– guês, da « arraia miúda», mais se exacerbou contra a nação vizinha, o que indo sempre a crescer, facilitou a restauração da independência de Portugal em 1640. Talvez, então, novos Religiosos, vindos da Espa– nha e a falar espanhol, não seriam bem recebidos pelo povo, teriam até encontrado oposição nas autoridades locais, mas seriam apoiados pelas supremas e, começãndo a exercer o apostolado e a resplandecer em virtudes, facilmente abafariam a antipatia nacional que contra eles houvesse. Acresce que, de 1618 a 1623, se verificou a conveniência de os Capuchinhos terem Casas em Portugal, com Religiosos naturais do país; nesses anos tentou-se enviar para o Congo um grupo de Ca– puchinhos das Províncias da Espanha, os quais, apesar da protecção de Filipe IV, foram rejeitados pelo Conselho de Portugal, que os con– siderou estrangeiros 2 • 2 Veja-se o nosso estudo A primeira Tentativa para os Capuchinhos missionarem no Congo, Braga 1956, 16-29.

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