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UMA CASA DE CAPUCHINHOS ITALIANOS EM LISBOA 261 deixaram estes Capuchinhos; o Rei, com as lágrimas nos olhos, pro-• meteu atendê-lo e no dia 29 mandou avisá-lo de que a sua pretensão tinha sido finalmente despachada, devendo dentro de pouco seguir para Angola. O Religioso, nesse mesmo dia, comunicou alvoroçada– mente esta nova ao Secretário da Propaganda Fide 44 • Para esta decisão de Dom João IV muito contribuiu a sua vene– ração por estes Capuchinhos, o grande interesse que por eles tomou a Rainha Dona Luísa de Gusmão, a recomendação do Rei da França. e os bons ofícios dos amigos destes Religiosos. Pode-se ajuntar que talvez o Rei pensasse que os Holandeses iam ser expulsos de Angola pelo socorro, que do Brasil para lá enviara, e sem dúvida julgava conveniente que a influência dos Capuchinhos espanóis no Congo fosse contrabalançada por outros Religiosos da mesma Ordem, também enviados pela Santa Sé e fiéis aos interesses de Portugal. Fr. Pedro de Dulcedo, no relato que escreveu das suas andanças,. indica outra razão, a saber, a morte do Marquês de Ferreira e do Secretário António Pais Viegas, que eram os principais opositores dos Capuchinhos, além de Fr. Cristóvão de Lisboa 45 • De facto, Dom Fran– cisco de Melo faleceu em 17 de Março de 1645, como se lê no seu epitáfio, na Igreja dos Lóios, em Evora, e o Secretário Pais Viegas morreu no mesmo ano 1 6, estas mortes, porém, não devem ter tido, grande influência para se atender a pretensão dos Capuchinhos. A viagem destes Religiosos seria pela Baía e, por isso, Dom João• IV assinou em 9 de Maio as cartas, que os recomendavam caloro– samente aos Governadores do Brasil e de Angola 47 e, posteriormente, deu-lhes também uma carta para o Rei do Congo 48 • Dias depois os. quatro Capuchinhos foram recebidos em pública audiência pelo Rei, que novamente se comoveu até às lágrimas e os afiançou de que nin– guém o faria voltar atrás na resolução de os deixar seguir para Angola. Mandou-lhes depois dizer pelo Secretário Vieira da Silva que se ser– vissem da ermida de Santo Amaro, para hospedar os futuros missio- 14 Esta carta, conservada no Arq, da Propaganda, SRCG 143, f.222r, foi publicada em, MMA 9, 242-243. 1u Arq. da Propaganda Fide, SRCG 247, f.13111. 46 Asim o diz João SOARES DE BRITO, Theatrum Lusitaniae litterarium, no ms. 299A da Aca-– clemia das Ciências, em Lisboa, p.151. Diogo Barbosa Machado (Bibliotheca Lusitana I,. Lisboa 1741, 343) escreveu, contudo, que António Pais Viegas morreu em 1650, o que tem sido geralmente seguido. Não há dúvida, porém, que faleceu muito antes, pois Paulo– Barradas da Silva, escrevendo da Guiné em 14 de Setembro de 1646, refere-se ao Secretário• Pais Viegas, que Deos tem (Arq. Histórico Ultramarino, Papéis avulsos, Guiné, 14 de Se– tembro de 1646). 47 Estas cartas, em cópia, estão no Arq. da Propaganda, SRCG 143, f.226r e 227,- e foram. publicadas em MMA 9, 244-245, 1s Assim se diz na carta de 16 de Junho de 1645, que vamos citar na nota 53.

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