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258 FRANCISCO LEITE DE FARIA Dom João IV decretou, portanto, que os Capuchinhos se detives– sem em Lisboa até que a Santa Sé aprovasse Bispo para Angola e assim esperava-se que ela se decidisse finalmente a fazê-lo, reconhe– cendo em certo modo o novo Rei de Portugal; além disso, os Religiosos seriam sustentados à custa da Fazenda Real, o que até então estava a cargo da Rainha, e para habitação poderiam escolher o local, que lhes aprouvesse. A 27 de Novembro o Padre Boaventura, que já escre– vera no passado dia 23 ao Secretário da Propaganda Fide para lhe mandar a cópia do decreto atrás transcrito, em nova carta dizia-lhe que se iriam instalar em qualquer ermida para descansar 34 • Pouco depois escolheram, ou o Rei lhes indicou, a ermida de Santo Amaro, situada então fora de Lisboa, a meio do caminho mar– ginal ao Tejo, em direcção de Belém. Os Conselheiros da Mesa de Consciência e Ordens, tendo ouvido que Dom João IV ia dar essa ermida a Religiosos, avisaram-no, ainda em 1644, de que o não fi– zesse sem primeiro se aconselhar. O monarca respondeu apenas que ficava advertido 35 , sinal de que julgava ser provisória a instalação dos Capuchinhos, ou de que trataria de legalizar o facto, se os Reli– giosos ali ficassem. Já aí deviam estar em 16 de Janeiro de 1645, pois em carta escrita nesse dia, o Padre Boaventura dizia que se tinham instalado em uma devotíssima ermida, onde eram religiosamente provistos pelo Rei de Portugal3 6 • Aí costumava viver um ermitão e foi em vez dele, ou com ele, que os Capuchinhos se instalaram à espe– ra de que Roma aprovasse Bispo para o Congo. Como este não fora nomeado, Dom João IV em 23 de Novembro, isto é, logo no dia seguinte ao da notificação feita aos Capuchinhos para esperarem a aprovação do Bispo do Congo, mandou ao Visconde de Vila Nova de Cerveira, Dom Lourenço de Lima, que lhe apontasse as pessoas mais a propósito para esse cargoª 7 • Não sabemos quem fo– ram as pessoas indicadas, mas em 2 de Dezembro 38 o Rei nomeou Secretário da Reverenda Câmara Apostólica, está no Arq. da Propaganda, SRCG 123, f.60r-v e foi publicada em MMA 9, 194-195. 34 Esta carta encontra-se no Arq. da Propaganda, SRCG 123, f.58r-v e 63r-v e foi publi– cada em MMA 9, 201-204. 35 Assim se lê no f.22v do ms. 51-V-45 da Bib. da Ajuda em Lisboa, no qual se contém o índice de decretos e consultas da Mesa da Consciência e Ordens. Aí, porém, em vez de Capuchos italianos está escrito frades don1inicos, engano do copista ou da propria Mesa. Muito estranharia terem querido os Dominicanos, que já possuíam perto os grandes Conven– tos de S. Domingos de Lisboa, S. Domingos de Benfica e S. Paulo de Almada, instalar-se na casa do ermitão de Santo A1naro. 3G Esta carta encontra-se no Arq. da Propaganda, SRCG 143, f.230r-v e foi publicada em MMA 9, 212-214. 37 MMA 9, 200. 38 Esta data indica-se na p.11, da primeira numeração de pp., do livro Jardim da
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