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256 FRANCISCO LEITE DE FARIA recomendava-os e havia comunicação com os Portugueses de Angola, poi os Holandeses ocupavam apenas Luanda e Benguela. Além disso, como outro grupo de Capuchinhos italianos se esforçava então por obter na Espanha passagem para o Congo, convinha dá-la também aos que escolheram o caminho de Portugal; de outro modo, os missio– nários que a Santa Sé continuaria a enviar para lá, iriam todos pela Espanha, sem consideração pelos direitos da Coroa portuguesa. A ida de Capuchinhos por Portugal diminuiria também a influência espa– nhola no Congo, favorecida, como se pensava em Lisboa, pelos que para lá fossem, a expensas e sob a protecção de Filipe IV. Havia, contudo, dificuldades que embaraçavam a partida dos quatro Capuchinhos, como em 17 de Setembro o comunicou Dom João IV ao seu Embaixador em Paris. O Rei dizia que muito desejava favorecê-los, tanto pelo santo ideal que os levava, como por serem recomendados pelo Rei da França; tinham-se oferecido, porém, alguns inconvenientes que o impediam de tomar resolução sobre este caso, mas muito folgaria se as conveniências do Reino permitissem deixá– -los passar ao do Congo 28 • Sobre o Hospício ou Convento, a cuja conveniência se referira o Vice-Colector, o Padre Boaventura de Taggia, escrevendo em 30 de Agosto ao Cardial Prefeito da Propaganda Fide, anunciava que uma Condessa tinha oferecido local e tudo o mais para a sua construção. Em outra carta, escrita em 5 de Setembro ao Secretário da Propa– ganda, ajuntava mais pormenores: a Condessa chamava-se Filipa Carneiro (?) e o local estava dentro da cidade, o que decerto queria dizer dentro das muralhas. Acrescentava não ter insistido sobre este assunto com os seus Superiores e pedia ao Secretário da Propaganda que, por meio do Cardial Protector dos Capuchinhos, tratasse do caso, pois o Convento seria de muita utilidade para os missionários e para se lhes enviarem provisões; os primeiros que chegassem e que com insistência pedia, já poderiam alojar-se nessa Casa e, além deles, deviam vir dois Religiosos dos mais qualificados para a governarem 29 • Não sabemos quem era a Condessa Dona Filipa. Talvez fosse a Condessa que, em 1641, tinha gasto mais de cem escudos romanos em paramentos e alfaias de igreja dados ao Padre Boaventura de Alessano, ou a Condessa que lhe mandou pintar e ofereceu uma imagem da zs Esta carta, conservada na Bib. Nacionul de Lisboa, Fundo geral 1 rns. 7162, f.379r, foi publicada em Cartas de El-Rei D. João IV ao Conde da Vidigueira, Embaixador em França, Lisboa 1940, 165 e, conforme a cópia que se encontra na Torre do Tombo, ms. 1017, 145-146, em MMA 9, 163. 2g Estas duas cartas, conservadas no Arq. da Propaganda, SRCG 123, f.52r-53r e 35r-36v, .foram publicadas em MMA 9, 156-157 e 160-161.
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