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254 FRANCISCO LEITE DE FARIA Boaventura de Taggia, Francisco Maria de Ventimiglia e Salvador de Génova, com o irmão Fr. Pedro de Dulcedo. Tinham pensado embarcar em Amsterdão, já que os Holandeses ocupavam Luanda e tinham boas relações com o Congo; a Propaganda Fide, porém, mandou-os pela França para Portugal, a fim de tentar novamente este caminho, ao mesmo tempo que o da Espanha, para onde enviara o ano anterior outro grupo de Capuchinhos, destinados igualmente para o Congo. Ao passarem por Mónaco, os frades genoveses obtiveram do Príncipe local uma carta de recomendação para o Rei da França; por isso, os Padres Boaventura e Francisco Maria foram até Paris, en– quanto o Padre Salvador e Fr. Pedro seguiram para Nantes. Na Capi– tal francesa Luís XIV, ou melhor a Rainha Regente Ana de Áustria, pois o monarca tinha apenas seis anos de idade, mandou-lhes dar uma carta de recomendação para Dom João IV, a qual decerto muito lhes valeu, e outra para Saint Pé, Cônsul da França em Lisboa, ambas da– tadas de 16 de Abril2 3 • Dias antes, o Padre Boaventura avistara-se com o Conde da Vidigueira, Embaixador de Portugal em Paris, o qual em carta que ainda se não encontrou, escrita em 12 de Abril, deu conta deste caso a Dom João IV. O conteúdo dessa carta pode-se talvez conjecturar pela que o mesmo Embaixador escreveu, em 15 de Abril, ao Jesuíta Padre João de Matos, que em Roma cuidava dos interesses de Portugal. Eis o que nela se diz destes Capuchinhos : « Esta somana me falou aqui hum Capucho barbado da prouincia de Genoua, o qual com tres mais são mandados pela Congregação de Propaganda a Portugal, para dali passarem a Congo, sem que na or– dem se faça menção de S. Magestade. V.P. se sirva de dizer ao secre– tario desta Congregação, o[ u] a algun ministro della, que estejão sertos que nem estes Religiosos nem outros nenhuns hão de passar às Conquistas de S. Magestade na forma em que determinauão mandar estes, perque demais de ter S. Magestade em seus Reinos Religiosos mui capazes que mandar, ha outras muitas rezões, por onde não convem dissimularse com estas missões, de que me pareceu auizar a V.P., enquanto S. Magestade o não faz, que sera com breui– dade por eu lhe ter ha tres dias dado conta deste negocio » 24 • Tiberina. Veja-se GIOVANNI ANT0NIO CAVAZZI DA MoNTECUCCOLI, lstorica Descrittione de' tre Regni, Congo, Matamba et Angola, Bologna 1687, passim e principalmente p.560-561 e 585-586; P. H!LDEBRAND, ob. cit., 97-118 e 129-178. 23 Uma cópia destas cartas está em Paris, Arch. du Ministere des Affaires Etrangeres, Correspondance de Portugal, vol. 1, f.226r-v e a primeira carta publicou-se em MMA 9, Lisboa 1960, 108, segundo outra cópia, conservada no Arq. da Propaganda, SRCG 123, f.39r e 48v. 24 Esta carta, inédita, encontra-se na Bib. e Arq. distrital de Évora, ms. CVl-2-1, f.183r. Talvez a carta do Embaixador para Dom João IV fosse mais branda e fizesse ver a conveniência de atender a recomendação do Rei da França. À Santa Sé, porém, convinha falar rijo.

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