BCCCAP00000000000000000000536

bamos de citar, escrita em fins de 1615 ou princípios de 1616, chama Barbadinhos aos Capuch'nhos franceses. Receamos, porém, que os dizeres dessa carta foram modificados pelo Padre José de Morais, Jesuíta do século XVIII; se assim não for, aos Capuchinhos de ori– gem italiana, já em 1615 ou 1616, se aplicou em terra portuguesa o simpático e expressivo chamadoiro de Barbadinhos. Já atrás dissemos que os Capuchinhos franceses baptizaram no Maranhão alguns índios, depois de os terem preparado. O Padre Filipe de Paris, morto em 1634, afirmou que esses baptizados exce– deram o número de seiscentos e cinquenta, dos quais os frades viram morrer sessenta adultos e mais de vinte crianças, o que quer dizer que a estes oitenta o Sacramento se lhes administrou em perigo de morte ( 2 º 1 ); Gui Cormier declarou em 1615 ou 1616 terem os Capu– chinhos baptizado mais de mil Índios ( 205 ). Com maior facilidade do que o testemunho deste leigo francês, aceitaríamos o do Capu– chinho, que falou com vários dos missionários vindos do Maranhão; contudo, não juramos pela verdade do que um ou outro afirmou. Certo é que muitíssimos Índios pediam o baptismo aos Capuchi– nhos que, se lhes tivessem feito a vontade, como disse o Padre Ivo com notável exagero, teriam mais de cem m:l cristãos. Não admira que esses frades, vendo que seriam continuados pelos Capuchos e Jesuítas, os quais conheciam a língua dos Índios e lhes podiam facilitar a perseverança na religião, tenham baptizado mais do que se não tivessem ninguém que lhes sucedesse. Assim não nos parece justo que certos autores por isso os tenham censurado, ainda que bastantes Indios tenham voltado à idolatria, como o aceita o Padre Filipe de Paris. Diogo de Campos Moreno, na Jornada do Maranhlío, refere ter-lhe dito o Padre Arcanjo que os Capuchinhos franceses, já em 1614, tinham baptizado mais de vinte mil índios (" 00 ); se neste número não houvesse um notabilíssimo exagero, como o há, ainda que não saibamos a quem o atribuir, os frades seriam decerto mere– cedores de censura. Não há dúvida que estes religiosos se notabilizaram no Bra– sil pela sua muita virtude. S. Francisco de Sales, referindo-se a eles, 164 ( 2 º 4 ) Ver ao fim o documento n.º XII. ( 2 º 5 ) Sevilha, Arq. Geral de índias, Audiência de Quito, maço 158. (206) Collecção .. .. vai. cit., p. 101. [82]

RkJQdWJsaXNoZXIy NDA3MTIz